Há décadas o
ECG de esforço vem sendo o principal instrumento no
diagnóstico da
doença cardíaca isquêmica estável e sua indicação mais frequente é no esclarecimento da
dor torácica. Além de
diagnóstico, o teste ergométrico fornece informações prognósticas e sobre a
capacidade funcional do
paciente, as quais norteiam a necessidade de novos exames e o
tratamento da
doença. Entretanto, o teste NÃO deve ser utilizado no
rastreamento da
doença isquêmica em indivíduos assintomáticos, porque nesse contexto o exame tem baixa acuidade diagnóstica um resultado "positivo" será, mais frequentemente, um
falso positivo, gerando
ansiedade, uma propedêutica adicional desnecessária e
tratamentos incorretos, com
custos e
riscos indesejados. O
médico deve
estar atento ao conceito de
prevenção quaternária, definida como a
detecção de indivíduos em
risco de
tratamento excessivo para protegê-los de intervenções
médicas inapropriadas. O teste ergométrico tem maior valor
diagnóstico quando a
probabilidade pré-teste de
doença isquêmica for moderada. O
médico deve estimar essa
probabilidade antes de solicitar o exame, e esta estimativa simples pode ser feita através das seguintes variáveis clínicas
sexo / idade do
paciente e características da
dor torácica. A melhor indicação acontece nos
pacientes com
probabilidade intermediária, geralmente aqueles acima dos 40 anos, com
dor torácica típica ou atípica, que tenham um
ECG basal interpretável e um bom nível de
atividade física. As principais
contraindicações para o
teste de esforço são
insuficiência cardíaca em classe funcional III ou IV (NYHA), pericardites ou miocardites agudas,
estenose aórtica grave sintomática,
doenças febris e a
hipertensão não controlada (com níveis superiores a 200/100 mmHg). Alguns
pacientes com
dor torácica apresentam limitações para a
realização de
esforço físico, ou um
ECG não interpretável, e nesses
casos um
método de imagem (
cintilografia ou ecocardiograma) associado ao estresse farmacológico podem substituir o teste ergométrico no
diagnóstico da
doença isquêmica. O
esforço físico é, entretanto, o melhor
método provocativo para
isquemia, e deve ser preferido, sempre que possível.