A
digoxina é um agente que melhora a contratilidade do
miocárdio (efeito inotrópico positivo), e mantém, mesmo nos dias atuais, um
papel definido no
tratamento de
pacientes com
insuficiência cardíaca (IC) com redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). Alguns estudos controlados demonstraram que a
digoxina não é capaz de reduzir a
mortalidade da IC, mas promove uma melhora da
qualidade de vida, contribuindo para o alívio dos
sintomas e reduzindo as taxas de
internação hospitalar. Tais
benefícios acontecem mesmo nos
pacientes em ritmo sinusal, ou seja, sem
fibrilação atrial. A principal indicação da
digoxina é no
paciente com IC que mantém
sintomas a despeito do
tratamento otimizado (indicação classe IIa, nível de evidência B). Tal
tratamento otimizado inclui
diurético de alça em doses tituladas,
medicamentos de ação neurohumoral (IECA e
espironolactona) e um betabloqueador. Trata-se de um
medicamento potencialmente tóxico, sobretudo se doses elevadas ou não corrigidas são prescritas para
pacientes idosos e com
insuficiência renal. Arritmias atriais ou ventriculares,
bloqueio atrioventricular,
náuseas, vômitos e
distúrbios visuais são as manifestações mais comuns da
intoxicação digitálica. Evitar doses altas do
medicamento (lembrando que 0,125 mg é a
dose ideal para a maioria dos
pacientes), manter os níveis de
potássio e
magnésio normais, e atentar para a associações que aumentam os níveis séricos da
digoxina (alguns
antibióticos,
amiodarona,
propafenona,
verapamil) são as melhores
estratégias para o uso
seguro da droga. Os níveis séricos precisam ser monitorados em
pacientes mais propensos à
intoxicação, e níveis seguros estão entre 0,5 e 0,9 ng/ml. Com tais
cuidados o
tratamento será
seguro para a maioria dos
pacientes.