A
hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma
doença multifatorial, de
detecção quase sempre tardia devido ao seu
curso assintomático e prolongado. Estima-se que no
Brasil 30 da
população com mais de 40 anos possa ter
pressão arterial elevada. Um desafio no
diagnóstico e controle da HAS é
conhecer o impacto da
doença e seu
tratamento sobre a
vida do indivíduo. A partir do
conhecimento do
diagnóstico de HAS, os
pacientes relatam mudanças sobre sua
qualidade de vida. O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de caracterizar o perfil da
população hipertensa coberta pelo
Programa Saúde da Família (PSF) do distrito de Águas Claras, Mariana -
Minas Gerais e correlacioná-lo à
percepção da
qualidade de vida desta
população avaliando as variáveis sócio-demográficas (
sexo, idade,
estado civil, ocupação,
escolaridade),
parâmetros relacionados à HA (
tratamento medicamentoso e controle da HAS) e
hábitos de
vida (
tabagismo,
consumo de bebida alcoólica,
atividade física e
obesidade). Trata-se de um
estudo observacional do tipo transversal, com abordagem quantitativa e amostra de conveniência. Para coleta dos dados foi elaborado
questionário pela pesquisadora, aplicado
questionário MINICHAL e realizada avaliação
física (peso, altura,
circunferência abdominal e nível pressórico). As variáveis foram analisadas quanto aos valores absolutos e percentuais para caracterização da amostra. A correlação entre a
percepção da
qualidade de vida com as variáveis sóciodemográficas, de
estilo de vida e relacionadas à HA foi realizada através de cálculo de coeficiente de Spearman. Foram avaliados 64 participantes, sendo que 59,4 tinham idade entre 50 a 70 anos com uma proporção de
mulheres de 71,9. A
obesidade é o
fator de risco modificável mais prevalente na
população de estudo, posto que 67,2 (n=43) dos
pacientes apresentaram
IMC > 24,9 kg/m2 e somente 31,5 dos participantes praticavam
atividade física regularmente. Apesar de todos participantes relatarem seguir corretamente o
tratamento medicamentoso, 65,5 apresentaram níveis inadequados de controle da
pressão arterial. Não houve correlação entre as variáveis sócio-demográficas, relacionadas à HAS e de
hábitos de
vida com a
percepção da
qualidade de vida. Concluiu-se que a elevada ocorrência de hipertensos com níveis inadequados de controle da
pressão arterial, é consequência da não
adesão ao tratamento e da elevada
incidência de
obesidade corporal. Estes achados em conjunto indicam a necessidade de reestruturação das práticas de
saúde, enfatizando a
educação e a relevância do auto
cuidado no controle da
patologia, e
realização de novas pesquisas para melhor
compreensão da avaliação da
qualidade de vida por parte desta
população.