ABSTRACT
Entre setembro de 1981 e março de 1991, o Setor de Ginecologia Infanto-juvenil do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo atendeu 1037 crianças de quatro a nove anos de idade, com diagnósticos diversos. Desse total, 20 (l,9 por cento) pacientes tiveram o diagnóstico de distrofia vulvar. Os dados valorizados foram: raça, queixa principal, casos semelhantes na família e antecedentes mórbidos pessoais possíveis de causar prurido. O tipo de discromia, sua localizaçao e extensao, foram os dados considerados ao exame físico. Recorreu-se à biópsia da vulva em ambulatório, sob anestesia local, para confirmar o diagnóstico. Doze meninas eram da raça branca e oito de raça negra. O prurido foi a queixa predominante (95 por cento dos casos), independente da forma de distrofia. A lesao branca na vulva predominou como a discromia mais encontrada (85 por cento). O líquen escleroso surgiu como o tipo histológico mais freqüente (70 por cento), seguido de distrofia mista (20 por cento) e distrofia hiperplásica (lO por cento). Detectaram-se alteraçoes coilocitóticas nos dois casos de distrofia hiperplásica. Conclui-se que: a distrofia vulvar ocorre em crianças, até mesmo nas formas de hiperplasia epitelial; há possibilidade do envolvimento do HPV na etiopatogenia da distrofia hiperplásica e o exame anatomopatológico é essencial para o diagnóstico definitivo.