ABSTRACT
O presente artigo apresenta uma compreensão de transgressão, a partir do Plantão Psicológico realizado com adolescentes internos da FEBEM/SP. Considerando o ato infracional qualificado como uma ação transgressora, parte-se do instituído como lei, dirigindo-se para os dizeres e as falas próprios dos adolescentes como reveladores de um contexto de denúncia social de exclusão. Nessa trajetória, o projeto de extensão universitária "Plantão Psicológico em unidades de internação da FEBEM/SP" é apresentado em seus pressupostos clínicos, numa leitura fenomenológica existencial, quanto em sua forma de ação. Desse modo, a articulação proposta entre lei e denúncia social faz-se pautada numa prática de atenção psicológica, como intervenção para acolhimento do sofrimento humano em situações de crise. Para além de compreender o contexto de transgressão como espaço de denúncia, este artigo apresenta uma compreensão de transgressão, baseada em reflexões decorrentes do controle social, propõe uma ação clínica voltada para que o adolescente se aproprie de sua história, projetando-se a outras possibilidades: cuidar de ser, responsabilizando-se por si. Assim, revelou-se como transgressão poder compreender um outro significado, além do usual (descumprimento da lei social): ir além, buscar modos não instituídos de poder ser, desvelando, ao mesmo tempo, uma prática psicológica clínica para além da fronteira tradicional