ABSTRACT
Insuficiente redução ponderal em intervenções conduzidas com indivíduos com excesso de peso remete à necessidade de constatar os aspectos preditores do insucesso, visando redirecionar ações, contribuindo para seu maior êxito. Assim, objetivou-se identificar os fatores preditores da evolução ponderal insatisfatória de mulheres com excesso de peso após acompanhamento nutricional na Atenção Primária à Saúde. Estudo retrospectivo realizado com mulheres com excesso de peso após 12 meses de acompanhamento nutricional individual mensal. Dados coletados por anamnese constando de dados sociodemográficos, morbidades referidas, hábitos e consumo alimentar, além de medidas antropométricas. Classificou-se a evolução ponderal como insatisfatória (<5% do peso inicial) e satisfatória (>=5%), sendo os grupos comparados a partir dos testes estatísticos t de Student, Mann Whitney, Qui-quadrado e Exato de Fisher (p<0,05). Das 70 participantes, 62,9% (n=44) evoluíram insatisfatoriamente, apresentando média de 52,6±11,9 anos e renda per capita mensal de 63,6% do salário mínimo vigente (18,6%; 198,3%), características semelhantes às das mulheres com evolução satisfatória. Usuárias com evolução insatisfatória apresentaram, no início do acompanhamento, maior prevalência de hipertensão arterial, dormiam menos horas por noite, assistiam televisão e/ou utilizavam computador por mais tempo e relataram menor sudorese durante a prática de atividade física. Os resultados apontam que o insucesso da redução ponderal pode estar relacionado a aspectos que extrapolam a adoção de uma alimentação adequada, perpassando por fatores como sono, sedentarismo e presença de comorbidades. Sugere-se assim, o desenvolvimento de intervenções diferenciadas e ampliadas quanto à abordagem terapêutica, que considerem a complexidade envolvida no manejo do excesso de peso, almejando o maior sucesso das ações.
Insufficient weight loss in interventions conducted with overweight individuals demonstrate the need to identify their predictors in order to redirect actions and promote greater success. Thus, we aimed to identify predictors of unsatisfactory weight loss among overweight women after nutritional monitoring in Primary Health Care. This was a retrospective study of overweight women after 12 months of monthly individual nutritional monitoring. Data were collected through anamnesis containing sociodemographic data, reported morbidities, habits and food consumption, as well as anthropometric measurements. The weight loss was classified as unsatisfactory (<5% of initial weight) and satisfactory (≥5%), and these groups were compared using the Student's t-test, Mann Whitney, Chi-square and Fisher's Exact statistical tests. (p < 0.05). 62.9% of the 70 participants (n=44) presented unsatisfactory weight loss. They were aged 52.6±11.9 years old who on average had a monthly per capita income of 63.6% of minimum salary (18.6%; 198.3%), ; characteristics similar to those women who progressed satisfactorily. Those with unsatisfactory weight loss presented a greater prevalence of hypertension, slept less hours per night, watched TV or used computer for longer periods of time, and reported less sweating during physical activity at the start of monitoring. The results show that the failure to lose weight may be related to aspects that go beyond the adoption of adequate food, including factors such as sleep, physical inactivity, and comorbidities. It is therefore suggested that the development of differentiated and expanded interventions regarding the therapeutic approach, consider the complexity involved in instituting more effective, healthy, and satisfying weight-loss programs