ABSTRACT
É conhecido o papel da hipertensão arterial sobre o rim, provocando, em situações clínicas e modelos experimentais, lesão e perda progressiva da função renal. Nas doenças renais, o aparecimento de hipertensão arterial agrava a nefropatia e acelera o risco da perda da função renal. O tratamento anti-hipertensivo, por outro lado, pode retardar a progressão da doença e da perda da função renal. A redução do número de néfrons, independentemente da doença renal inicial, impõe às unidades remanescentes uma sobrecarga hemodinâmica e funcional que leva à esclerose glomerular e à fibrose intersticial. Alguns exemplos anti-hipertensivos, como os inibidores da enzima conversora da angiotensiva (ECA), pela sua ação diferenciada reduzindo a resistência na arteríola eferente, pós-glomerular, possuem ação renoprotetora adicional, além de reduzir a pressão arterial sistêmica. Essa renoproteção, já comprovada na nefropatia diabética, vem se tornando evidente, cada vez mais, na nefropatia não-diabética. Além dos inibidores da ECA, alguns bloqueadores dos canais do cálcio não-diidropiridínicos e antagonistas de receptores da angiotensina II têm demonstrado ação semelhante. Portanto, a terapia anti-hipertensiva nos pacientes nefropatas deve ser diferenciada, com o objetivo de retardar a doença e preservar a função renal.