ABSTRACT
RESUMO Este artigo aborda a prática da preceptoria nos Programas de Residência em Medicina de Família e Comunidade no município do Rio de Janeiro. Por meio de um estudo sobre a preceptoria nestes programas, com base na percepção do preceptor em relação as suas atividades cotidianas, construiu-se uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando-se a técnica de grupo focal. Ocorreram três grupos focais com 15 preceptores de quatro diferentes programas do município do Rio de Janeiro. Após transcritas as falas, foi realizado o agrupamento temático e a análise de conteúdo, segundo Bardin14. Nos resultados do estudo, observou-se que a agenda de trabalho do preceptor é pouco estruturada, ficando sujeita à presença de várias demandas externas a sua atividade de formação. Assim, nesta agenda foram identificadas atividades educacionais, de gestão, além de atividades referentes à responsabilidade técnica das Clinicas de Família. Na relação com o residente, a supervisão do atendimento clínico individual é destacada como a atividade central da preceptoria, fazendo crer que ocorra certa restrição no olhar sobre o campo ampliado da saúde.
ABSTRACT This article discusses preceptorships undertaken as part of Residency Programs in Family Practice (RPFP) in Rio de Janeiro. Through the study of preceptors involved in these programs and their views on their agenda, we developed an exploratory and descriptive research project using focus group techniques on three focus groups of 15 preceptors from 4 different RPFP. After transcribing the discussion, we performed thematic grouping and content analysis according to Bardin’s method. The results of the study demonstrated that preceptors’ agendas were unstructured and subject to the presence of several external demands not related to their training activities. The agendas included educational activities and management, as well as activities related to the technical responsibilities of Family Clinics. For residents, the preceptorship on individual clinical care is highlighted as the central activity, making it seem like there are certain restrictions on the view of the general field of primary health care.
ABSTRACT
Este trabalho aborda a prática de preceptoria nos Programas de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade (PRMMFC) do Rio de Janeiro. Em 2012 foi iniciada nestes programas uma nova organização do processo de trabalho do residente e do preceptor. O residente passou a assumir, sob supervisão, as atribuições de médico da equipe de saúde da família, e o preceptor diminuiu suas atividades assistenciais para ampliar sua responsabilidade pelo processo de ensino-aprendizagem dos residentes. O objetivo principal deste trabalho foi realizar um estudo descritivo da preceptoria nestes programas, com base na percepção do preceptor sobre a sua agenda de trabalho e sobre as suas atribuições. Realizou-se um estudo exploratório-descritivo, com uma abordagem quanti e qualitativa; foram utilizadas as técnicas de grupo focal e aplicação de questionário com perguntas fechadas para construção do perfil geral dos preceptores. A análise dos dados foi realizada através da análise de conteúdo, tecendo-se uma relação com as referências da literatura. Foram realizados três grupos focais com presença de 15 preceptores dos 4 diferentes PRMMFC do RJ. Observa-se que a agenda de trabalho do preceptor ainda é pouco estruturada, ficando sujeito a presença de várias demandas externas à atividade de formação. Na agenda de trabalho do preceptor, além das atividades de formação e acompanhamento do residente, são identificadas atividades de gestão do serviço e atividades referentes à responsabilidade técnica. Os preceptores acabam também assumindo a responsabilidade por atendimentos médicos, assumindo um lugar de suporte ao residente e ao serviço de saúde como um todo.
Na relação com o residente, a supervisão do atendimento clínico individual é destacada como a atividade central da preceptoria. Em relação às atribuições necessárias para a preceptoria, observa-se ainda uma falta de apropriação conceitual em relação à discussão pedagógica, apesar de identificarem-se experiências de metodologias ativas de ensino-aprendizagem. A questão de ser uma referência técnica, com competência profissional na especialidade, é assumida pelos preceptores como uma atribuição, ao mesmo tempo em que são críticos a idéia de terminalidade na formação profissional. Identifica-se uma dificuldade de compreensão em relação à responsabilidade pela formação ética do residente, existindo dúvidas entre os preceptores sobre a sua importância e a sua relação com o processo educativo do aprendiz.
Subject(s)
Humans , Primary Health Care , Education, Medical , Family Practice , Internship and Residency , PreceptorshipABSTRACT
OBJETIVO: Verificar a validade do questionário CAGE para rastrear pacientes com dependência ao álcool internados em enfermarias de clínica médica. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, no qual foram selecionados 747 pacientes internados na clínica médica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. Foram colhidos dados sociodemográficos e clínicos e aplicados os seguintes instrumentos: o questionário CAGE e uma entrevista semi-estruturada - Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI), utilizada como padrão-ouro para diagnóstico de dependência ao álcool (de acordo com os critérios do DSM-IV). Foram obtidas medidas de validade (sensibilidade e especificidade) do CAGE para os diferentes pontos de corte possíveis. Para análise do melhor ponto de corte, foi utilizada a curva ROC. RESULTADOS: A amostra foi composta de 747 pacientes, a maioria homens (66%), brancos (85%), com média de idade ± Desvio Padrão (DP) = 50 ± 17 anos, estado civil casado/amasiado (61%), com escolaridade média ± DP = 6 ± 4 anos. Através do MINI, foram diagnosticados 48 pacientes (6,6%) com dependência ao álcool. O CAGE apresentou a melhor sensibilidade (93,8%) com ponto de corte igual a um (CAGE positivo para uma ou mais respostas afirmativas). Com este ponto de corte, a especificidade foi de 85,5%. CONCLUSAO: Aplicado em pacientes clínicos internados em hospital geral, o questionário CAGE mostrou bons índices de sensibilidade (93,8%) e especificidade (85,5%), utilizando como ponto de corte 0/1. Por ser de fácil e rápida aplicação e ter baixos custos, poderia ser utilizado para rastreamento de casos de dependência ao álcool neste contexto.