ABSTRACT
Adição por comida caracteriza-se por uma perda de controle sobre o consumo de certos tipos de alimentos, na maioria das vezes hiperpalatáveis, e por tentativas fracassadas de ultrapassar o problema alimentar apesar das consequências adversas. A tese atual descreve a prevalência de adição por comida e fatores associados (socioeconómicos, demográficos, estilos de vida, estado nutricional, comorbilidades psiquiátricas e clínicas) em uma amostra representativa da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Este é um estudo transversal que utiliza dados do Compulsão alimentar no Rio -Binge Eating in Rio Survey, um inquérito domiciliar que incluiu 2.297 indivíduos dos 18 aos 60 anos. Os participantes forneceram informações sociodemográficas, antropométricas, sobre o estilo de vida, comorbidades clínicas e psiquiátricas. O instrumento utilizado para avaliar a adição por comida foi a escala modificada de adição por comida de Yale 2.0. A entrevista foi aplicada face-a-face. E os dados foram coletados entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020. Prevalência e respectivos intervalos de confiança de 95% (95%CI) foram estimados considerando o peso da amostral e o desenho complexo do inquérito. Foram utilizados modelos de regressão logística para estimar a razão de chance entre as comorbidades psiquiátricas, clínicas e adição por comida. Os modelos foram ajustados para potenciais variáveis de confusão, sexo, idade e IMC. A prevalência de Adição por comida foi de 2,78% (95%CI 1,40 a 4,17) e, foi classificada como leve em 17% dos casos, moderada em 36% e como severa em 46%. A prevalência de adição por comida nas mulheres foi superior à dos homens, 4,08% vs 1,39 (p=0.001), com tendência decrescente com a idade (p=0,017). Quanto ao IMC, adição por comida foi mais prevalente entre aqueles com IMC mais elevado 6,76 % (IC95%CI 4,19 a 10,70) em comparação com aqueles com IMC normal 0,69% (IC95%CI 0,31 a 1,53). Entre aqueles que tinham adição por comida, a prevalência de sintomas psiquiátricos foi de: 75,41% com sintomas de depressão, 77,05% com sintomas de ansiedade, 19,7% de transtorno de compulsão alimentar, 32,79% de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e 19,7% de consumo de álcool. Adição por comida foi associada a todas as comorbidades psiquiátricas, tanto nos modelos brutos como nos modelos ajustados. Entre as morbidades clínicas, os modelos brutos e ajustados mostraram uma associação entre adição por comida e uma maior chance de diabetes, AVC, asma, asma crônica, dores de cabeça, problemas musculares, e refluxo gastroesofágico. Quanto à força da associação, aumentou quando ajustado para problemas crônicos da coluna vertebral e IMC. Como observado em outros países, a adição por comida foi mais frequente nas mulheres e nos indivíduos mais jovens; associou-se à obesidade, também a IMC mais elevado, a comorbidades psiquiátricas e a várias comorbidades clínicas.
Food addiction (FA) is characterized by a loss of control, causing overeating of certain kinds of foods, most often hyperpalatable foods, and failed attempts to overcome the eating problem despite adverse consequences. The current thesis describes the prevalence of FA and associated factors (socioeconomic, demographic, lifestyle, nutritional status, psychiatric and clinical comorbidities) in a representative sample of the city of Rio de Janeiro, Brazil. This is a cross sectional study using data from the Binge Eating in Rio Survey, a household survey that included 2.297 individuals from 18 to 60 years. The participants will provide sociodemographic information, lifestyle, clinical comorbidities, and psychiatrics. The instrument used to evaluate the FA will be the Modified Yale Food Addiction Scale 2.0. The interview was applied face-to face. Data were collected from September 2019 to February 2020. Prevalence and respective 95% confidence intervals (95%CI) were estimated considering the sample weight. In analyses were performed logistic regression models to estimate odd ratios between psychiatric and clinical comorbidities. Models were an adjustment for potential confounder variables, gender, age, and Body Mass Index (BMI). The prevalence of FA according to YFAS 2.0 was 2.78% and, 17.42% was classified as mild, 36.49% as moderate, 46.09% as severe. The prevalence of FA in women was higher than men, 4.08% vs 1.39% (p=0.001), and with a decreasing trend with age (p=0.017). Regarding the BMI, FA was more prevalent among those with a higher BMI 6.76 % (95%CI 4.19 to 10.70) compared those in the normal BMI range 0.69% (9is 5%CI 0.31 to 1.53). Among those who had a FA, the prevalence of psychiatric symptoms was as follows: 75.41% with symptoms of Depression, 77.05% symptoms of Anxiety, 19.7% Binge Eating Disorder, 32.79% Attention Deficit Hyperactivity Disorder symptoms, and 19.7% alcohol use. Food addiction was associated with all psychiatric morbidities in both the crude and adjusted models. Among the clinical morbidities the unadjusted and crude models showed an association between food addiction and an increased chance of diabetes, stroke, asthma, chronic asthma, headaches, muscle problems, and gastroesophageal reflux. Regarding the increase of association, when adjusted for chronic spinal problems and BMI increases the OR values: FA was a prevalent condition in Brazil, more frequent in women and younger individuals, and associated also with higher BMI as observed in studies from high income countries. Furthermore, it shows that they constitute a group with specific characteristics and deserve special attention in this regard. FA was associated with psychiatric comorbidity and several clinical comorbidities in our sample.
Subject(s)
Humans , Feeding and Eating Disorders , Prevalence , Feeding Behavior , Binge-Eating Disorder , Food Addiction/epidemiology , Brazil , Cross-Sectional Studies , ObesityABSTRACT
O objetivo principal desta dissertação foi avaliar o efeito da resistência à insulina (RI) na variação do colesterol, glicemia e índice de massa corporal, em adolescentes. Para tal, foi realizado uma análise de subgrupo com sobreamostragem de 81 adolescentes com sobrepeso e obesidade na linha de base (lb), em uma coorte de escolares submetidos a uma intervenção (2005) entre 10 e 12 anos provenientes de 20 escolas públicas de Niterói- Rio de Janeiro, Brasil. A aferição de peso e estatura e as medidas bioquímicas (colesterol total, glicemia) foram realizadas no início e ao término do seguimento (8 meses), tendo a insulina sido coletada apenas na linha de base. A detecção da RI foi definida baseando-se no índice Homeostasis Model Assessment (HOMA-IR) com o ponto de corte 2,5 para ambos os gêneros. As características dos grupos foram comparadas através do teste T de Student e associação pelo teste Qui- Quadrado e teste exato de Fischer. Modelos lineares generalizados com distribuição Poisson e função de ligação log foram implementados com vista à estimar o risco relativo do efeito da RI na mudança de sobrepeso/obesidade, hiperglicemia e hipercolesterolemia. Também foi realizado análises de regressão linear de medidas repetidas com efeitos aleatórios para avaliar as diferenças entre os grupos de RI, para os desfechos contínuos de IMC, glicemia e colesterol. As análises foram realizadas no software SAS (versão 9.4, SAS Institute, Cary, NC). A amostra foi composta por 65,4% de meninas e a prevalência de excesso de peso foi de 54,7% entre elas e 50,0% em meninos. A prevalência de resistência à insulina foi de 75,2%, sendo de 27,9% em meninos e 72,1% em meninas, sendo esta diferença significativa entre os sexos (p=0,02). Adolescentes com resistência à insulina na linha de base associaram com a variável sobrepeso/obesidade (p= 0,02), com um risco relativo (RR) de 1,29 (IC95%= 1,09-1,54), entre aqueles com RI. O RR para hiperglicemia foi 1,12 (IC95%=1,04-1,20) e está também se associou com homa na lb (p= 0,02). Já a hipercolesterolemia não foi associado com a RI na linha de base. Contudo, não foi significativo a mudança no seguimento para nenhum desses modelos. Já os resultados para os desfechos contínuos apontam para diferenças significativas com efeito da RI no sexo para mudança do peso entre as meninas (p=0,02). Em ambos os sexos, valores de HOMA-IR superiores a 2,5 na lb apresentaram menor variação no IMC. Os modelos para glicemia e colesterol não apresentaram variação significativa, mesmo quando ajustados para estágio da maturação sexual e tipo de intervenção, ao passo que os valores para IMC continuaram inalterados após ajuste. Os resultados deste estudo sugerem, como indicado em outros estudos, que embora a RI esteja associada positivamente com o IMC, a RI na linha de base diminuiu o aumento de peso, pelo menos, nas meninas. A identificação do estado de RI pode ajudar a compreender os efeitos negativos nas intervenções longitudinais destinadas a reduzir o aumento de peso
Insulin resistance (IR) is positively associated with fatness, however it has been postulated that IR is also a physiological adaptation to obesity that limits fat deposition and leads to weight stabilization. The study aimed to evaluate the effects of IR on one-year variation of body mass index (BMI kg/m²), cholesterol, and glucose levels in adolescents. A subgroup analysis of a school intervention study with 81 adolescents aged 10 to 12 years was performed with oversampling of participants with overweight and obesity at baseline. The intervention was focused on reduction of sodas replacing them for water aiming at reduction of excessive weight gain. The intervention was able to reduce soda intake without change on weight gain due to exchange of sodas for sweetened juices. Weight, height, cholesterol, and fasting glucose were measured at the beginning and at the end of follow-up, insulin was only measured at baseline. RI was defined based on the Homeostasis Model Assessment (HOMA- IR) index, with a cutoff of 2.5 for both genders. Longitudinal analysis used and linear mixed random effects for assess differences between IR groups for continuous BMI, cholesterol, and fasting glucose. Models were adjusted for age and sexual maturation. Interaction of IR with sex was tested. The analyzes were conducted using SAS software (version 9.4, SAS Institute, Cary, NC). The sample comprised 65.4% of girls and the prevalence of overweight/ obesity was 54.7% among girls and 50.0% among boys. The overall prevalence of insulin resistance was 75.2%, 27.9% among boys and 72.1% among girls (p = 0.02). IR at baseline was associated with BMI (p = 0.02) as well as at follow-up, with a relative risk (RR) of 1.29 (95% CI = 1.09 to 1.54) of overweight/obesity among those with IR, compared to without IR. This RR for hyperglycemia was 1.12 (95 = 1.04 to 1.20) and hypercholesterolemia at baseline and follow-up was not associated with IR. In both sexes, those with IR showed less variation in BMI, compared to normal IR. Change in BMI over time was statistically modified by IR at baseline only among girls (p = 0.02). Estimated change in BMI for boys with IR was 18.5 to 19.0 Kg/m², and among those without IR was 21.2 (Kg/m²) para 21.1 (Kg/m²). Among girls these results were 16.9 (Kg/m²) para 17.9 (Kg/m²) and 21.4 (Kg/m²) para 22.1 (Kg/m²). The models for change in fasting glucose and cholesterol showed not significant variation associated with IR while the values for BMI remained unchanged after adjustment for type of intervention and sexual maturation. The results of this study suggest, as indicated in other studies, that although IR is related to BMI in cross sectional studies IR at baseline decreased further weight gain at least in girls. Identification of IR status may help to understand negative longitudinal effects of interventions aimed to reduce weight gain