ABSTRACT
O estudo teve como objetivo avaliar a sobrecarga hepática de ferro em pacientes com esteato-hepatite não alcoólica (NASH) e sua correlação com os parâmetros histológicos utilizados para o seu diagnóstico (esteatose, balonização celular, inflamação e fibrose). Entre 1996-2001 foram selecionados pacientes que preencheram critérios para o diagnóstico de NASH: ausência ou apenas ingestão ocasional de etanol (<20g de etanol/dia) e exclusão de outras doenças do fígado (vírus B e C da hepatite, hemocromatose e auto-imunes), além dos critérios histológicos de esteatose, balonização hepatocelular, inflamação e/ ou fibrose. As avaliações semiquantitativas de ferro no fígado foram realizadas através da coloração de Perls. Para a análise estatística utilizou-se software Statistical Package for Social Science (SPSS). O estudo teve aprovação do Comitê da Ética do HUPES-UFBA. Foram incluídos 57 pacientes - 87,7por cento do sexo masculino - com média de idade de 41,7ñ 9,2 anos. Todos os pacientes apresentavam alterações de aminotransferases. ALT esteve alterada em 80,4por cento dos casos e AST, em 53,6por cento. Elevação sérica de ferritina foi observada em 42por cento dos pacientes e saturação de transferrina não foi superior a 55por cento em nenum caso. Os achados histológicos, que predominavam na zona 3 do ácino, foram : esteatose em 100por cento dos casos, balonização hepatocelular discreta a moderada em 97por cento e fibrose perissinudoidal em 100por cento. Em 5,3por cento dos pacientes já havia cirrose hepática na biópsia índice. Sobrecarga hepatocitária de ferro foi observada em 35por cento dos casos e na maioria deles foi discreta. Houve associação estatisticamente significante entre os níveis de ferritina e sobrecarga de ferro no tecido hepático. Entretanto, não houve correlação entre sobrecarga de ferro nos hepatócitos e fibrose hepática ou outras alterações tissulares de NASH. Neste estudo a sobrecarga de ferro no tecido hepático não se associou com agressões hepáticas mais intensas ou com fibrose, sugerindo qua a importância prognóstica de ferro nesses pacientes não é siginificante