ABSTRACT
CONTEXTO E OBJETIVO: Dieta e nutrição são fatores ambientais que interferem nas relações saúde-doença. Do ponto de vista epidemiológico, a dieta representa um complexo conjunto de exposições, altamente correlacionadas. Nosso objetivo foi realizar análise fatorial sobre dados de padrões de consumo de alimentos em um grupo de indivíduos moradores de São Paulo, e desenvolver medidas objetivas da dieta, com finalidades epidemiológicas. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo de análise fatorial sobre dados obtidos de estudo do tipo caso-controle, em sete hospitais-escolas em São Paulo. MÉTODOS: Foram recrutados 517 pacientes (260 casos de câncer oral e 257 controles) entre novembro de 1998 e março de 2001. A freqüência semanal de consumo de laticínios, cereais, carne, carnes processadas, vegetais, leguminosas, frutas e doces foi verificada por meio de um questionário de freqüência semiquantitativo. Os padrões foram identificados por análise fatorial, a partir do consumo dos oito grupos de alimentos, utilizando a análise de componentes principais como método de extração, seguido pela rotação varimax. RESULTADOS: Foram identificados três padrões, que explicaram 55% da variabilidade total. O primeiro padrão ("prudente") foi caracterizado pelo consumo de vegetais, frutas e carne; o segundo ("tradicional") por cereais (principalmente arroz) e leguminosas (principalmente feijão); e o terceiro ("lanches") por doces, produtos lácteos e carnes processadas. CONCLUSÕES: O estudo identificou padrões de consumo de alimento, utilizando uma abordagem "a posteriori". Esta análise pode ser utilizada em programas de intervenção nutricional, bem como, a partir do estabelecimento de escores de indivíduos segundo os padrões identificados, para relacionar a dieta com outras medidas epidemiológicas de interesse.