ABSTRACT
As mães sociais que cuidam de crianças e adolescentes de abrigos filantrópicos de São Paulo, influenciam a elaboração dos cardápios e o modo de conduzir as refeições, de acordo com sua formação e cultura. Conhecer alguns aspectos sociais da alimentação desse grupo foi o objetivo deste trabalho. Foram feitas entrevistas com onze mães sociais e três diretoras de abrigos, analisadas por meio da metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo. O estudo resultou em 32 categorias de discursos, por meio dos quais foram verificados valores e hábitos presentes nas refeições, que devem ser levados em conta quando se pretende desenvolver orientações e treinamentos na área da alimentação para esse público. Destaca-se a preocupação das mães com rituais familiares: comer todos juntos ao redor da mesa e manter silêncio durante as refeições são práticas impostas pela maioria das mães. A tarefa de servir os pratos praticamente é assumida pela mãe, não dando muitas oportunidades para as crianças aprenderem a se servir e escolher sozinhas os alimentos. O ensino de boas maneiras à mesa é uma preocupação diária e constante das mães, que não querem passar vergonha pelos maus modos das crianças, que precisam aprender a se comportar lá fora. Crianças, adolescentes e mães sociais de abrigos constituem uma alternativa de família, com dinâmicas e soluções próprias. As idéias centrais extraídas das entrevistas apontam um perfil dessas mães. Conhecer como pensam e sentem a respeito da alimentação é essencial para o aprimoramento da qualidade das refeições por meio de orientações e formação apropriadas