ABSTRACT
A prevalência de doença arterial coronariana em pacientes de amputação com etiologia vascular é maior que na população saudável. A protetização é um dos procedimentos utilizados pela equipe multidisciplinar de reabilitação da Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD) para reabilitar indivíduos que sofreram cirurgia de amputação. Entretanto, não se conhece o efeito do uso da prótese na incidência e na evolução da doença arterial coronariana em pacientes amputados. 0 objetivo desse trabalho foi levantar, nos arquivos da AACD, informações que permitissem o estudo da evolução da cardiopatia isquêmica em pacientes engajados no programa de reabilitação pós-amputação. Para isso, os 116 pacientes estudados foram categorizados em protetizados e não-protetizados e com teste ergométrico de membros superiores (TEMS) inicial negativo TEMS inicial positivo. Dentre os 116 pacientes estudados somente 40 (26 protetizados e 14 não-protetizados) realizaram o acompanhamento cardiológico completo (TEMS inicial e reteste); os outros 76 pacientes realizaram somente o TEMS inicial. Dos 40 pacientes com acompanhamento cardiológico completo, 15 (32,5) tinham TEMS inicial positivo para cardiopatia isquêmica e 25 (67,5) tinham TEMS negativo, mostrando a alta incidência desta doença entre os amputados. 0 acompanhamento dos resultados de reteste dos 25 pacientes com TEMS inicial negativo permitiu o estudo da instalação da cardiopatia isquêmica. No grupo acompanhado (25 pacientes), 12 pacientes (48) apresentaram resultados positivos no reteste. Entretanto a incidência de resultados positivos no reteste é diferente (p<0,05), entre pacientes protetizados (35) e não-protetizados (100). Considerando-se as limitações do estudo, conclui-se que existe uma grande incidência de cardiopatia isquêmica em pacientes amputados e que, provavelmente, o uso da prótese pode diminuir a incidência de cardiopatia isquêmica em pacientes amputados unilaterais e bilaterais no nível da coxa.