ABSTRACT
A dinâmica de circulação do vírus da dengue em espaços intra-urbanos de grandes metrópoles e os fatores de risco para esta infecção ainda não são bem conhecidos. Embora esteja estabelecido que a pobreza é um dos determinantes da maioria das doenças infecciosas e parasitárias, no caso da dengue esta ainda é uma questão controversa. Este estudo teve como objetivos descrever a distribuição da soroprevalência e soroincidência de dengue em distintos espaços intra-urbanos de uma grande e complexa cidade do Brasil; e verificar a existência de relação entre a intensidade de circulação viral e as condições de vida da população, bem como os índices de infestação vetorial. Utilizou-se um desenho de estudo prospectivo de análise ecológica, procedendo-se a inquéritos sorológicos de uma amostra de residentes em 30 distintos espaços da cidade de Salvador - áreas sentinelas - selecionados de acordo co diferenças extremas de condições de vida. Os resultados revelaram elevadas soroprevalência (67,7 por cento) e soroincidência (70,6 por cento) para os sorotipos circulares (DEN-1 e DEN-2), com grande variabilidade nos valores entre as 30 áreas estudadas; reduzida efetividade das medidas de combate vetorial; circulação viral em todo o território da cidade, constatando-se que mesmo adequadas condições de vida não foram capazes de impedir a ocorrência de elevados riscos de transmissão
Subject(s)
Humans , Cities , Aedes , Dengue , Dengue Virus , Communicable Diseases , Urban Population , Disease VectorsABSTRACT
No atual estágio do conhecimento científico, a única medida de controle disponível para as infeçöes causadas pelo vírus da dengue é a eliminaçäo do seu principal vetor urbano, o Aedes aegypti. Esta situaçäo epidemiológica evidencia a existência de dificuldades para o controle destas infeçöes, razäo pela qual o Ministério da Saúde solicitou uma avaliaçäo da efetividade das açöes que vinham sendo implementadas na cidade de Salvador pelo atual programa de combate vetorial, sendo o objetivo apresentar os resultados deste estudo. Verificou-se que a efetividade das medidas de combate vetorial é muito reduzida e, embora tenha sido encontrada uma Fraçäo Prevenível de 29,7por cento, mesmo em áreas sentinelas com índices de infestaçäo predial <=3por cento, a incidência de infeçöes nestas áreas era ainda muito elevada (55,4 por cento)