Decálogo de proteçäo ao médico / A decalogue for physician's protection

E apresentado um levantamento sobre os problemas de natureza medico-legal enfrentados pelo medico brasileiro hoje em dia. O numero crescente de processos criminais e as queixas apresentadas aos conselhos Regionais de Medicina, associados ao desconhecimento por parte do profissional das leis e codigos que regulamentam a atividade medica, estao tornando cada vez mais dificil atuacao daqueles que exercem o que deveria ser a "mais nobre das atividades humanas". A entrada em cena de organizacoes do tipo "S.O.S. Erro Medico" e a verdadeira "caca as bruxas" que tem sido feita pela imprensa escrita, falada e televisada mostram a seriedade do que estamos enfrentando. A fim de lutar para diminuir e evitar estas ameacas, sao sugeridas posicoes e cuidados no trato com os pacientes, passiveis de contribuir para inverter esta tendencia.

Complicaçöes e acidentes em bloqueios regionais (anestesias raquídea e peridural) / Accidents and complications after regional blocks: spinal and epidural anesthesia

É apresentada uma atualizaçäo sobre o tratamento das complicaçöes que podem acompanhar bloqueios espinhais, raquídeos ou peridurais. Säo traçadas consideraçöes sobre as causas destes acidentes, acentuando-se aquelas devidas ao agente, ao paciente, as condiçöes de trabalho, as indicaçöes e ao anestesista. Acentua-se a importância dos cuidados preventivos e assinalam-se os princípios básicos, fundamentais para o controle das convulsöes (succinilcolina, barbitúricos, diazepínicos mais O2) e de raquídeas totais (respiraçäo controlada, vasopressores, líquidos endovenosos). Chama-se a atençäo para a monitorizaçäo obrigatória de todos os enfermos e para a necessidade da presença constante do anestesista na sala de operaçöes exatamente como em uma anestesia geral. Lembra-se que muitas das mortes publicadas na imprensa leiga e na especializada parecem ter sido, em sua grande maioria, fruto de erros grosseiros de avaliaçäo ou falta de atençäo e vigilância durante o procedimento

Narcoanalgesia: 1.000 casos de anestesias combinadas (Narcose + Peridural ou Raquianestesia / Narcoanalgesia: 1,000 cases of combined anesthesia (narcosis plus spinal analgesia)

É apresentada uma série de mil anestesias realizadas para os mais diferentes procedimentos cirúrgicos, sob uma técnica denominada pelos autories de "narcoanalgesia": uma combinaçäo de bloqueio vertebral (raque ou peridural) com narcose superficial. No grupo estudado, a grande maioria foi para intervençöes em abdômen superior - vias biliares (21,4%) e estômago e intestinos (18,2%). O paciente mais jovem tinha um ano e o mais velho, 85. Bloqueios peridurais foram executados em 64,5% dos indivíduos e raquídeos em 35.6% (5,6% contínuos, com cateter). A anestesia geral por inalaçäo foi a regra, sendo que a intubaçäo endotraqueal foi utilizada em 69,5% dos casos. Misturas de óxidao nitroso e oxigênio foram os agentes de escolha, reforaçados por agentes voláteis (emnflurano, halotano) em baixas concentraçöes (0,25 a 0,5%) ou por doses fracionadas de fentanil (15 a50 mcg), flunitrazepam (100 a 200 mcg) ou tiopental (25 a 50 mg). O decorrer das anestesias foi geralmente tranqüilo e o número de complicaçöes tanto per como pós-operatórias foi pequeno. Os resultados apresentados tendem a mostrar que esta técnica merece ter seu difundido e que representa uma boa opçäo para o anestesiologista em sua prática diária

Morte em anestesia: aspectos atuais do problema / Anesthetics deaths: a current look on the problem

Säo apresentados aspectos atuais do problema das mortes em anestesia, com ênfase a situaçäo no Brasil

Dor pós-operatória / Postoperative pain

É analisada a situaçäo do paciente operado, sob o ponto de vista da dor e do desconforto que acompanham o ato cirúrgico. Säo assinalados os vários fatores que determinam e influenciam a dor pós-operatória. Dentre eles, säo citados o perfil psíquico do enfermo, o tipo de intervençäo, a habilidade e a experiência do cirurgiäo e o grau dos cuidados proporcionados pela enfermagem e pela equipe hospitalar. Sem dúvida, por uma falta de conhecimento e por uma atitude demasiado complacente dos médicos e enfermeiros, a grande maioria dos operados é submetida a um sofrimento que pode ser evitado. Narcóticos säo receitados em larga escala, mas säo geralmente esquecidos quando mais necessários, por medo de depressäo respiratória ou da possibilidade de adiçäo. Métodos loco-regionais, tais como bloqueios peridurais contínuos, com a aplicaçäo de anestésicos locais ou opiáceos, injeçäo de troncos nervosos que inervam o local da incisäo e técnicas ainda em desenvolvimento, com a aplicaçäo interpleural de bupivacaína, säo discutidos dentro deste contexto e avaliadas suas possibilidades e indicaçöes. Conclui-se pela necessidade urgente de que diferentes especialistas colaborem para um planejamento cuidadoso no ambiente hospitalar, orientado para o alívio e controle da dor pós-operatória. Nesse grupo, o anestesiologista, pelo seu campo de trabalho, deve ser uma das figuras de proa na elaboraçäo de um esquema desta natureza

Choque anafilático e anafilactóide em anestesia: conceitos atuais / Anaphylactic and anaphylactoid shock in anesthesia: up-to-date concepts

É apresentada uma atualizaçäo sobre choque anafilactóide em anestesia e cirurgia, mostrando-se que, embora seja um quadro imprevisto e grave que pode ocorrer em qualquer paciente, seu tratamento é eficaz, desde que iniciado prontamente e o médico esteja familiarizado com todas as características desta síndrome. Os recursos e os medicamentos säo conhecidos há bastante tempo e mesmo seu distúrbio mais grave, o colapso cardiovascular, responde às manobras clássicas de ressuscitaçäo (massagem cardíaca externa, respiraçäo controlada). A monitorizaçäo cuidadosa do enfermo, uma boa observaçäo pré-operatória e a disponibilidade de recursos de emergência (material de reanimaçäo, adrenalina, aminofilina, dopamina, etc.), associados a um atendimento rápido, iräo praticamente garantir a sobrevida de quase 100% doa atingidos por um choque anafilactóide

Morte em anestesia / Death in anesthesia

O autor analisa o resultado de um questionário para 68 Centros de Ensino e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia, referente à incidência de mortes e acidentes anestésicos durante os anos de 1978/79. Dos Serviços consultados, 18% responderam, dando um total de 109.520 cirurgias, com um índice de óbitos associados à anestesias de 1:4.761 ou 0,021%. Compara estes dados com estatísticas inglesas, sul-africanas, canadenses, brasileira e norte-americanas, chegando à conclusäo que a maioria destes acontecimentos poderiam ter sido evitados com maior observaçäo do paciente, monitorizaçäo adequada e mais atençäo e cuidados na Sala de Recuperaçäo. Sugere a organizaçäo, o mais cedo possível, de uma comissäo permanente, em cada país latino-americano, para estudo do problema com ampla divulgaçäo de seus achados, para evitar a repetiçäo de tantas tragédias