Eventos toxicológicos como problema de saúde pública: informação, ações estratégicas e modelo de toxicovigilância para o sistema único de saúde / Events toxic as a public health problem: information, strategic actions and toxicovigilância model for the unified health system

O estudo objetivou conhecer a toxicovigilância no Brasil, aom ênfase no estado de São Paulo, e propor diretrizes e modelo para o SUS. Foi utilizado banco organizado com esta finalidade a partir dos eventos toxicológicos registrados pelos CEATOX no Estado de São Paulo. Realizou-se dois estudos epidemiológicos descritivos de série de casos: um para o período de 1991 a 2000, no qual observou-se a distribuição em relação às características gerais dos eventos, dos pacientes, dos agentes tóxicos e das circunstâncias em que ocorreram, e outro em 1998, no qual observou-se a distribuição dos eventos toxixológicos relacionados a medicamentos. Encontrou-se no primeiro 128.769 eventos toxixológicos em humanos, originados em sua maioria de ligações telefônicas (68,65 por cento), de serviços de saúde hospitalares (51 por cento); 60,8 por cento dos alimentos presenciais, foram oriundos de enfermarias e, 33,3 por cento de UTI. Predominaram as exposições agudas (84,5 por cento), por via oral (68 por cento), oriundas de área urbana (87,8 por cento). O principal local de exposição foi à resistência (74 por cento). Predominou para o sexo masculino (52 por cento), com maior concentração até os 10 anos (43 por cento), sobretudo aos 2 e 3 anos de idade. Os agentes tóxicos predominantes foram os: medicamentos (38,6 por cento), agrotóxicos (17,9 por cento) e produtos de uso domiciliar (15,4 por cento). As principais circunstâncias: acidentais (47 por canto), tentativas de suicídio (19,8 por canto) e ocupacionais (11,7 por canto).

Eventos toxicológicos relacionados a medicamentos no Estado de São Paulo / Drug-related toxic events in the state of Sao Paulo, Brazil

OBJETIVO: Analisar as características epidemiológicas dos eventos toxicológicos relacionados a medicamentos. MÉTODOS: Realizou-se um estudo epidemiológico descritivo de série de casos. Utilizando a categoria "evento toxicológico relacionado a medicamentos", analisaram-se 6.673 casos registrados em centros de assistência toxicológica do Estado de São Paulo, no ano de 1998. As variáveis estudadas compreenderam características dos eventos, das pessoas afetadas, dos agentes tóxicos e das circunstâncias envolvidas. A análise dos agentes tóxicos considerou três níveis de desagregação: grupos terapêuticos, princípios ativos e nomes comerciais. RESULTADOS: Os medicamentos ocuparam o primeiro lugar entre todos os tipos de agentes tóxicos registrados pelos centros. Os eventos toxicológicos relacionados a medicamentos caracterizaram-se por serem registrados por telefone (78,5 por cento), a partir de hospitais (86,6 por cento); originaram-se de exposições agudas, pela via oral (90,2 por cento), ocorridas em residência (85,7 por cento) de área urbana (95 por cento). Houve predomínio do sexo feminino (59 por cento) e maior concentração na primeira década de vida (49,4 por cento), sobretudo aos dois e três anos de idade. Os princípios ativos mais freqüentemente encontrados foram: fenobarbital, diazepam, haloperidol, carbamazepina e bromazepam. As principais circunstâncias foram as acidentais (38,8 por cento) e tentativas de suicídio (36,5 por cento). Entre os princípios ativos relacionados predominaram os dos grupos terapêuticos psiquiatria, analgesia/anestesia e respiratório. CONCLUSÕES: Aponta-se a necessidade de cumprimento da legislação quanto à venda de medicamentos sob receituário médico e de construção da toxicovigilância conforme diretrizes do Sistema Unico de Saúde.

OBJECTIVE: To assess the epidemiological characteristics of drug-related toxic events in the State of São Paulo, Brazil. METHODS: A descriptive epidemiological case series study was conducted. Using the category "drug-related toxic event", 6,673 registered cases were analyzed in the Toxicology Centers in the State of São Paulo throughout 1998. The variables studied comprised the characteristics of the events and the affected patients, toxic agents and the circumstances involved. The analysis of toxic agents took into consideration three levels of disaggregation: therapeutical groups, active ingredients and commercial brand names. RESULTS: Drugs ranked first among all toxic agents registered in the Centers. Drug-related toxic events were mostly reported by phone (78.5 percent) and hospitals (86.6 percent); they were originated from acute oral exposure (90.2 percent) at home (85.7 percent) in the urban area (95 percent). Most people affected were females (59 percent) in their first decade of life (49.4 percent), mainly between two and three years of age. The most common active ingredients found were: phenobarbital, diazepam, haloperidol, carbamazepine and bromazepam. The main circumstances were accidental ingestion (38.8 percent) and suicidal attempts (36.5 percent) and among the related active ingredients, the most prevailing therapeutical group were psychiatric, analgesic/anesthetic and respiratory. CONCLUSIONS: Law-abiding practices regarding prescription drugs are needed, as well as toxicological surveillance according to the National Health System guidelines.