ABSTRACT
Objetivo: Hipersensibilidade ao líquido seminal é uma condição rara, havendo cerca de 80 casos publicados na literatura de língua inglesa, porém nenhum da América Latina. O objetivo desse artigo foi relatar um caso de anafilaxia ao plasma seminal ocorrido no Brasil. Posteriormente, apresentar revisão sobre os principais aspectos já estudados dessa enfermidade. Descrição: Mulher com 31 anos, casada, asmática, procurou assistência médica por ter passado a apresentar, após a primeira gestação de termo, broncoespasmo, edema facial, eritrodermia e perda da consciência, sempre imediatamente após a relação sexual. A investigação diagnóstica mostrou teste cutâneo de puntura positivo para o plasma seminal do marido e presença de IgE sérica específica. O casal foi orientado a usar condom e adrenalina auto-injetável se necessário. Comentários: O principal fator de risco conhecido da alergia ao fluido seminal é a atopia. Os sinais e sintomas se iniciam imediatamente, minutos ou horas após o coito, e podem ser locais e/ou sistêmicos. O mecanismo de hipersensibilidade é mediado por IgE, sendo o antígeno implicado de provável origem prostática. O diagnóstico é confirmado quando o teste cutâneo com o líquido seminal é positivo e a presença de IgE específica no soro é detectada. O tratamento requer a prevenção da exposição com o uso correto do condom ou abstinência do coito, e pode ser realizada imunoterapia. O caso relatado ilustra a importância de mais estudos sobre hipersensibilidade ao líquido seminal, pois ainda é uma doença pouco diagnosticada, apesar de tratável