ABSTRACT
A exposiçäo a fatores estressantes tem papel importante no desenvolvimento de transtornos depressivos. Os mecanismos envolvidos nesta relaçäo, no entanto, ainda säo pouco conhecidos, mas algumas evidências sugerem a participaçäo da formaçäo hipocampal: 1. o estresse pode causar alteraçöes plásticas no hipocampo, que incluem remodelaçäo dendrítica e inibiçäo de neurogênese. Drogas antidepressivas impendem estes efeitos, possivelmente por aumentarem a expressäo de fatores neurotróficos; 2. a facilitaçäo da neurotransmissäo serotoninérgica no hipocampo atenua conseqüências comportamentais do estresse e produz efeitos antidepressivos em modelos animais; 3. o antagonismo do principal neurotransmissor excitatório no hipocampo, o glutamato, produz efeitos semelhantes; 4. o hipocampo parece estar "hiperativo" em animais mais sensíveis em modelos de depressäo e em humanos resistentes à antidepressivos; 5. o hipocampo, em conjunto com o complexo amigdalar, parece ter papel fundamental na consolidaçäo e evocaçäo de memórias aversivas. Näo obstante estas evidências, o desafio futuro será o de tentar integrar os resultados destes diferentes campos (farmacológico, molecular, eletrofisiológico, clínico) em uma teoria unificadora sobre o papel do hipocampo na regulaçäo do humor e seus transtornos bem como nos efeitos de tratamentos antidepressivos