ABSTRACT
A citologia esfoliativa em meio líquido (CEML) representa uma evolução técnica da citologia convencional e ainda é pouco explorada no diagnóstico de lesões bucais. Este estudo avaliou se a saliva é capaz de interferir na qualidade das lâminas obtidas pela CELM. A coleta de células foi feita com um kit do sistema DNA-Citoliq« de um total de36 pacientes com lesão bucal. De cada indivíduo foram realizadas duas coletas pela técnica da CEML. A primeira foi feita com a presença de saliva e a outra em campo seco após a secagem da lesão com ar comprimido durante 20 segundos. As amostras foram submetidas a processamento laboratorial para coloração do Papanicolaou. As lâminas foram analisadas por meio da microscopia de luz usando o sistema analisador de imagens (Imagepro Plus). Os resultados revelaram que o número de células epiteliais das diversas camadas teve valores médios maiores nas lâminas colhidas em meio úmido do que em campo seco. O teste T de student demonstrou diferença estatística significativa entre as médias de células epiteliais dos vários extratos (p=0,0003). Quanto à dispersão celular, 72,2 porcento das amotras coletadas sem saliva apresentaram as células bem dispersas enquanto que nas amostras decampo úmido o percentual foi de 25 porcento. As áreas de sobreposição de células foram mais observadas nas amostras obtidas com saliva e representaram cerca de 73 porcento dos casos. Nas amostras colhidas em campo seco, as áreas de sobre posição equivaleram a 27 porcento dos casos. A saliva foi capaz de interferir tanto na quantidade do número de células colhidas da lesão quanto na qualidade da lâmina, pois foi capaz de produzir maiores áreas de sobre posição que dificultam muitas vezes o diagnóstico das lesões bucais. Este achado justifica a secagem das lesões bucais antes da coleta de material pela CEML