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Rev. abordagem gestál. (Impr.) ; 25(1): 12-116, jan.-abr. 2019.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-985175

ABSTRACT

O nome mais importante da história pós-kantiana ficará sendo, quiçá, o do "existencialista" alemão Martin Heidegger. Há 25 anos vem ele aprofundando suas intuições filosóficas, num labor tipicamente germânico, que faz lembrar o do pertinaz pensador de Koenigsberg. Sua importância comprova-se já pelo complexo histórico em que ele se situa. Conhecedor dos gregos e da escolástica, devido à sua iniciação com os jesuítas; discípulo de Husserl, fundador da fenomenologia; versado no kantismo e no hegelianismo, graças a seu ensino nas cátedras universitárias da Alemanha; inspirado em Kierkegaard e Dilthey - poucos filósofos modernos terão tido um tão grande lastro de informação. Desautorado pelo mestre da fenomenologia; exaltado, mas logo malquisto pelos nazistas; ignorado, de propósito, pela filosofia oficial e acadêmica, Heidegger exercerá inevitavelmente uma influência decisiva no rumo futuro da filosofia ocidental. Porque seu pensamento atinge uma profundeza e um rigor raros em qualquer época da história da inteligência humana. Não se limitou ele a reelaborar um sistema recebido de qualquer mestre ou a imprimir uma nova direção a uma corrente já em voga. De um só impulso, renovou todo o ambiente filosófico, superou os pressupostos que reinavam nos sistemas vigentes, recolocou a especulação metafísica diante de seus problemas fundamentais. É, nos dias de hoje, o que devem ter sido um Heráclito ou um Platão para os gregos do seu tempo. Pode alguém discordar de suas ideias e encontrar outros caminhos para a filosofia; não se pode, porém, pretender ignorá-lo ou negar-lhe o título de filósofo, dos maiores. Mas, Heidegger, reconhecem-no todos os estudiosos de sua obra, é um escritor de difícil compreensão. Sua terminologia escapa à linguagem usual, apresentando-se repleta de expressões forjadas por ele e que mal se poderiam formular em outra língua que não a alemã. Ademais, seu modo de expor é coleante e dilatório, o que mantém o leitor em suspenso até ao fim da exposição, para, quase sempre, remetê-lo a futuros aprofundamentos, que vão surgindo com intervalos de anos. É, porém, sobretudo a própria natureza de seu labor especulativo que dificulta a compreensão, pois Heidegger, como legítimo filósofo que é, não dá (e não poderia dar) por terminado, seu pensamento. Apesar de metódico, no sentido de corrente, seu estudo não se esgotou ainda, e não deverá esgotar-se, em um sistema acabado. Aí reside a força de sua obra, a virtualidade de imprevisíveis influências na evolução porvindoura da filosofia. É por isso que há tanta divergência na interpretação da sua filosofia existencial, e tanta incompreensão a respeito do sentido de sua obra, malgrado o crescente interesse do público por essa nova corrente filosófica. Heidegger, como veremos, desaprova o existencialismo de Sartre, negando-lhe a qualidade de continuador de suas ideias. E até mesmo um ótimo expositor como Bochénski1, parece-nos não ter apanhado o essencial do pensamento heideggeriano. Eis porque tentaremos expor, da maneira mais clara possível, o ponto a que chegou o grande filósofo contemporâneo. E para isso vamos concentrar nosso estudo sobre um tema fundamental, o que mais vem preocupando Heidegger em seus últimos escritos, e que constitui, em si mesmo, o problema básico de toda e qualquer filosofia: oproblema da própria filosofia. É o que faremos nos dois próximos capítulos, sobre a "verdade do ser" e o que Heidegger pensa da metafísica, ou seja, da filosofia. Daí, acompanhando as explanações e indicações do filósofo, veremos sua atitude quanto ao humanismo e à ética, atitude que não passa de simples consequência e nova explicitação de seu pensamento fundamental. Por último, comentaremos o ajuste de contas de Heidegger com as correntes que dele pretendem se aproximar ou que o combatem. Se a tanto nos aventuramos, é que há 12 anos temos acompanhado com interesse o desenvolvimento do pensador alemão, sendo que no Brasil talvez tenhamos sido o primeiro a expor, de uma cátedra universitária, as ideias de Heidegger (em 1941).


Subject(s)
History, 20th Century , Existentialism/history , Famous Persons
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