ABSTRACT
Estima-se que a prevalência global da doença de Chagas seja de 9,8 milhões de pessoas infectadas. Esta doença resulta da infecção pelo Trypanosoma cruzi (T. cruzi), parasito pertencente a um ecossistema exclusivamente americano. A batalha pela interrupção de sua transmissão vetorial e transfusional já obteve êxito em países endêmicos como Chile, Uruguai e Brasil. Contudo, esses 9,8 milhões de pessoas infectadas não possuem um tratamento medicamentoso adequado. A terapêutica atual, cujo fármaco de escolha é o benznidazol na forma farmacêutica de comprimido de liberação imediata, não favorece a administração em neonatos, crianças e idosos. Cientistas de todo o mundo têm trabalhado no desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas para o tratamento desta doença e os resultados vão desde a descoberta de novos alvos bioquímicos ao desenvolvimento de novas moléculas com potente ação tripanossomicida. Inúmeros agentes quimioterápicos já foram e estão sendo testados desde a descoberta da doença, em 1909, por Carlos Chagas. Esta revisão crítica trata da busca por uma nova quimioterapia e sugere a possibilidade de que formas mais adequadas de vetorização do benznidazol sejam capazes de associar vantagens terapêuticas ao fármaco de escolha para o tratamento proposto, de forma que a população infectada receba seus benefícios.