ABSTRACT
O abortamento é uma causa de morbi-mortalidade materna, e sua prevalência no Brasil permanece elevada, sobretudo entre jovens. O objetivo deste estudo foi testar a associação entre falha no uso de contraceptivos e a prática do abortamento entre adolescentes. Foi realizado um estudo seccional entre adolescentes internadas para assistência ao parto ou pós-abortamento numa maternidade pública de Salvador. Calcularam-se razões de prevalência de abortamento segundo uso ou não de contraceptivos ao engravidar. Foi realizada análise estratificada e de regressão logística dessa associação por grupos de idade, escolaridade, estado civil e gestação prévia. A prevalência de abortamento entre as usuárias de anticoncepcionais foi 2,3 vezes maior que entre não usuárias. Escolaridade foi um confundidor desta associação. Encontrou-se interação entre contracepção, gestação anterior e estado civil. A razão de odds ajustada por anos de estudo foi maior em estratos de adolescentes sem história de gestação prévia e solteiras. Conclui-se que é preciso aumentar a efetividade dos serviços de saúde voltados para o planejamento familiar, melhorando a informação das adolescentes sobre a correta aplicação dos anticoncepcionais e assegurando a continuidade do uso dos métodos.
Subject(s)
Female , Adolescent , Humans , Abortion, Habitual/epidemiology , Contraception , Family Planning Services , Pregnancy Complications , Brazil/epidemiologyABSTRACT
Abortamento é a causa importante de morbi-mortalidade materna na Bahia, e a diminuiçäo dos procedimentos abortivos através da prevençäo de gravidezes inoportunas contribuiria para a situaçäo de saúde feminina, sobretudo entre adolescentes. Descrever a populaçäo de pacientes jovens de uma maternidade pública de Salvador. Foram estudados 433 adolescentes internadas na Maternidade Tsylla Balbino, de agosto a novembro de 1996. Variáveis como idade, estado civil, parceiro fixo, idade da coitarca, número de gestaçöes, uso de contraceptivo, escolaridade e ocupaçäo foram estudadas quanto à distribuiçäo entre pacientes internados por aborto ou parto. Um terço das pacientes foram internadas por abortamento. Foi encontrada diferença na distribuiçä, segundo desfecho da gravidez, estado civil [43,9 por cento solteiras (grupo parto) e 64,2 por cento (grupo abortamento)], uso de contraceptivos [24,4 por cento (parto) e 54,6 por cento (aborto)], número médio de gestaçöes [1,24 (parto) e 1,71 (aborto)] idade [17,15 (parto) e 17,45 anos (aborto), em média], mas näo por idade média da coitarca {15,24 (prto) e 15,36 (borto)]. O método abortivo mais utilizado foi o misoprostol. Medidas apropriadas para abordagem dos problemas de planejamento familiar e gestaçäo inoportuna na adolescência säo sugeridas.