ABSTRACT
Na atenção à saúde de idosos fragilizados faze-se necessária a presença do cuidador e da assistência domiciliar. Este trabalho descreve as percepções acerca das necessidades e dificuldades de um grupo de idosos e seus cuidadores no que concerne ao estado de interdependência, em especial aos aspectos emocionais que interferem na qualidade de vida. Foram realizadas entrevistas domiciliares de agosto a novembro de 2003 com 90 famílias sob atenção domiciliar oferecida por Unidades Básicas e de Saúde da Família de Campinas/SP. Os idosos, 41 homens e 49 mulheres, apresentavam, em média, 77 anos de idade; os homens em sua maioria eram casados e as mulheres viúvas; em grande porcentagem analfabetos e com baixa renda familiar; 28 com dependência leve e 62 moderada ou grave, apresentando dificuldades relativas a locomoção, realização de atividades e perda de autonomia; queixas de tristeza, preocupação e impotência, potencializadas pelo grau e amenizadas pelo tempo de dependência. Quanto aos cuidadores, a maioria era de filhas que referiram dificuldades relacionadas às atividades cotidianas próprias e no lidar com idosos, e como queixas: depressão, cansaço e preocupação, demonstrando ser o grau de dependência fator agravante, e o tempo protetor. Em estado de dependência acumulam-se dificuldades econômico-sociais, de acesso a serviços, físicas e emocionais, que fragilizam idosos e cuidadores. tais necessidades, em parte, vêm sendo supridas pela atenção domiciliar realizada pelas equipes de saúde da família e rede social de apoio, identificando-se, entretanto, a necessidade de maior atenção aos cuidadores.