ABSTRACT
A Reconstrução Facial Forense ou Aproximação Facial Forense pressupõe estimar a face sobre um crânio, com o intuito de permitir o reconhecimento por uma pessoa do convívio do indivíduo, e assim, com as informações ante mortem os métodos primários de identificação possam ser aplicados. Independentemente do método utilizado para se fazer a reconstrução, seja manual ou digital, são utilizados parâmetros que representam as espessuras dos tecidos moles faciais (ETMFs) que cobrem pontos craniométricos específicos. Na literatura científica estão disponíveis tabelas de referência quanto às ETMFs organizadas de acordo com sexo, idade, ancestralidade, índice de massa corporal entre outros aspectos considerados significativos para uma adequada reconstrução facial. Entretanto, não há um consenso sobre a relevância do uso de dados específicos populacionais de ETMFs. O Brasil é formado por regiões geográficas com características ambientais e de formação populacional tão distintas que cada região poderia representar uma população única, e isso se reflete nas características faciais. Este estudo propõe mensurar as ETMFs em uma população do centro-oeste (CO) brasileiro, com a finalidade de aprimorar a precisão das reconstruções faciais. A partir de bancos de dados de Tomografias Computadorizadas de Feixe Cônico (TCFC), de amostras do CO, foram obtidas médias de ETMF utilizando o protocolo de Beaini et al. (2021). O protocolo utilizado demonstrou ser uma ferramenta de alta repetibilidade e reprodutibilidade. A análise comparativa entre os sexos revelou uma tendência a maiores espessuras no sexo masculino em relação ao feminino, com exceção ao Lateral da Órbita, sendo que as maiores discrepâncias de espessuras encontradas ficaram evidentes nos pontos Gônio, Supra M2, Infra M2 e Linha Oclusal. Com o aumento da faixa etária observaram-se diferenças entre as médias de ETMF principalmente no sexo feminino, nos pontos Filtro Médio, Próstio e Supra M2, que tenderam a diminuir suas espessuras, marcando a relação do processo de envelhecimento facial e as alterações hormonais advindas da menopausa nas mulheres. A comparação de duas amostras brasileiras de regiões distintas, como o Sudeste e o Centro-Oeste, revelou alta compatibilidade entre as regiões, as diferenças encontradas possivelmente não afetarão na prática, a Reconstrução Facial Forense. Portanto não foi verificada a necessidade do uso de tabelas diferenciadas entre as duas regiões.
Subject(s)
Forensic AnthropologyABSTRACT
Introdução: Na antropometria craniofacial avaliam-se quantitativamente as estruturas anatômicas faciais, e as tomografias computadorizadas de feixe cônico (TCFC) têm contribuído significativamente para refinar essa abordagem. A análise antropológica e morfológica do crânio para estimativa de idade, ou a avaliação das espessuras de tecidos moles faciais para aproximação facial forense, podem ser beneficiadas com o avanço das ferramentas de reconstrução e visualização de imagens de TCFC em softwares open source como o HorosTM. Objetivo: Avaliar a confiabilidade e a precisão de medidas lineares realizadas em TCFC em Reconstrução Multiplanar (MPR), no modo de visualização de MIP, nas espessuras de corte mínima (Emín) e máxima (Emáx). Material e método: Foram selecionados 17 crânios pertencentes ao biobanco do Laboratório de Antropologia e Odontologia Forense da Universidade de São Paulo (OFLab-FOUSP) para a mensuração de 10 grandezas lineares, aferidas de três maneiras distintas: uma diretamente sobre o crânio (padrão-ouro) e duas no software (em Emín e Emáx). Para a análise estatística foi adotado o nível de significância de 5%. Resultados: O CCI (Coeficiente de Concordância Intra-classe) inter e intra-examinadores foi excelente. A consistência das medidas entre os métodos, nos grupos A (crânio-Emín) e B (crânio-Emáx) foi verificada pela análise de Bland-Altman. O grupo B apresentou maior precisão de medidas, porém, a diferença menor do que 1 mm encontrada no grupo A não compromete a análise craniométrica. Conclusão: Ambos os métodos são confiáveis para mensurações lineares
Introduction: In craniofacial anthropometry, facial anatomical structures are quantitatively evaluated, and cone beam computed tomography (CBCT) has significantly contributed to refine this approach. Anthropological and morphological analysis of the skull for age estimation or, assessment of facial soft tissue thickness for forensic facial approximation, can be benefited by advancement of CBCT image reconstruction and visualization tools at open-source software such as HorosTM. Objective: This study verified the reliability and accuracy of linear measurements performed in CBCT in Multiplanar Reconstruction (MPR), in MIP visualization mode, at minimum (STmin) and maximum (STmax) slab thicknesses. Material and Method: 17 skulls from biobank of the Laboratory of Forensic Anthropology and Dentistry of University of São Paulo (OFLab-FOUSP) were selected for measurement of 10 linear distances, measured in three different ways, one directly on the skull (gold standard) and two in software (in STmin and STmax). For statistical analysis, the significance level of 5% was adopted. Results: Inter- and intra-examiner ICC (Intraclass Correlation Coefficient) was excellent. The consistency of measurements between the methods in groups A (skull-STmin) and B (skull-STmax) was verified by Bland-Altman analysis. Group B showed greater measurement accuracy than group A. However, differences found in group A was smaller than 1 mm, and it does not compromise the craniometric analysis. Conclusion: Both methods are reliable for linear measurements
ABSTRACT
A Reconstrução Facial Forense (RFF) é uma técnica auxiliar de identificação, aplicável quando o cadáver se encontra irreconhecível em razão do estado de decomposição, carbonização ou mutilação, e pode ser realizada de forma manual ou digital. Os métodos digitais fazem uso de recursos computacionais para aproximar a aparência em vida da face do cadáver. O desenvolvimento de novas tecnologias nas áreas da imaginologia e tecnologia da informação tem permitido o aperfeiçoamento da técnica da reconstrução facial digital. O propósito deste artigo é fornecer uma visão geral do método digital de RFF, destacando a evolução do método, as vantagens e algumas limitações relacionadas ao emprego dessa técnica. A RFF digital, por meio de recursos de tecnologia da informação, permite que sejam realizados ajustes virtuais, sendo possível avaliar cada etapa da reconstrução durante o processo, corrigindo eventuais erros e produzindo diversas variações para uma mesma face, visando a facilitar um possível reconhecimento.