ABSTRACT
A visão é considerada a grande promotora da interação humana em atividades motoras, perceptivas e mentais, e a perda desta pode provocar alterações no meio social. O objetivo deste trabalho foi avaliar a saúde bucal dos deficientes visuais por meio da análise da prevalência de cárie e doença periodontal, além da auto percepção e acessibilidade aos serviços odontológicos. O universo estudado consistiu em 42 deficientes visuais, de ambos os gêneros, na faixa etária de 18 a 63 anos de idade, regularmente matriculados na Associação dos Cegos do Piauí ACEP, em Teresina-PI. Os dados foram processados nos programas Bio Estat 5.0 e EpiInfo 6.04b. O nível de significância foi estabelecido em 5% (p<0,05) e foram utilizados os testes estatísticos de Análise de Variância (ANOVA) e Teste post-hoc de Tukey. A média do índice CPO-D foi de 11,5, e 58% dos sextantes examinados apresentaram alterações periodontais. Realizaram-se questionamentos sobre a autopercepção em saúde bucal, e 83,2% dos entrevistados avaliaram a própria saúde bucal como excelente,boa ou regular. Além disso, 95,2% dos deficientes visuais relataram já ter ido ao cirurgião-dentista, mas apenas 30,9% disseram ter recebido orientações sobre saúde bucal nos últimos doze meses. Apesar dos deficientes visuais apresentarem uma autopercepção em saúde bucal positiva e acesso aos serviços odontológicos adequado, essa população apresentou uma situação clínica insatisfatória, com elevado índice CPO-D e grande número de sextantes alterados e excluídos, devido ao grande número de dentes ausentes.