Relaçäo entre satisfaçäo com aspectos psicossociais e saúde dos trabalhadores / Relationship between psychosocial job satisfaction and health in white collar workers

OBJETIVO: Identificar se satisfaçäo com aspectos psicossociais no trabalho está associada à saúde dos trabalhadores e verificar se essas associações säo influenciadas por características sociodemográficas. MÉTODOS: Estudo transversal realizado com 224 empregados de uma empresa de auto-gestäo de planos de previdência privada e de saúde na cidade de São Paulo. Foram administrados quatro questionários auto-aplicados referentes a aspectos sociodemográficos, satisfaçäo no trabalho e saúde (física, mental e capacidade para o trabalho. As associações entre variáveis foram analisadas por meio dos testes t-Student, Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, coeficiente de correlaçäo de Spearman e da análise de regressäo linear múltipla. RESULTADOS: Satisfaçäo no trabalho apareceu associada ao tempo na empresa (p<0,001) e cargo (p=0,003), onde maiores níveis de satisfaçäo foram observados entre os trabalhadores com menor tempo na empresa e aqueles com cargos de direçäo. A satisfaçäo no trabalho esteve associada às dimensöes da saúde mental e à capacidade para o trabalho (vitalidade: p<0,001; aspectos sociais: p=0,055; aspecto emocional: p=0,074; saúde mental: p<0,001 e capacidade para o trabalho: p=0,001). CONCLUSÕES: Satisfaçäo no trabalho está associada à saúde dos trabalhadores nos seus aspectos "saúde mental" e "capacidade para o trabalho", mostrando a importância dos fatores psicossociais em relaçäo à saúde e bem-estar dos trabalhadores. Sugerem-se diretrizes para mudanças na organizaçäo e concepçäo do trabalho, direcionadas aos aspectos psicossociais. São recomendados estudos longitudinais para investigar a direçäo causal das associações encontradas.

Satisfação e saúde no trabalho: aspectos conceituais e metodológicos / Work satisfaction and health at work: on theoretical framework and method

Este artigo visa contribuir para a análise e discussão das relações entre satisfação e saúde no trabalho. A partir de uma revisão bibliográfica, apresenta-se uma visão geral sobre conceitos e modelos teóricos selecionados sobre satisfação no trabalho e abordando as relações desta com a saúde do trabalhador. Os referenciais teóricos selecionados resumem uma evolução das concepções no tema, desde aquelas que consideram o trabalhador apenas como reagindo mecanicamente a fatores externos e a satisfação no trabalho existindo unicamente em função de salários, até concepções que contemplam a interação entre aspectos psicossociais no trabalho e as subjetividades, gerando níveis de satisfação que influenciam a saúde do trabalhador. Enfatiza-se que a associação entre satisfação e saúde no trabalho e, em especial, com saúde mental, tem sido demonstrada por meio de estudos transversais, porém, são necessários mais estudos longitudinais que confirmem a relação causal destas associações, bem como mais estudos qualitativos que investiguem a dinâmica destas associações. Finalmente, são ilustradas diretrizes para concepção, implementação ou avaliação de mudanças na concepção e organização do trabalho, com foco nos aspectos psicossociais do trabalho, visando melhorias nos níveis de satisfação e, portanto, a promoção da saúde.

This article aims to assist in the analysis of the relationships between work satisfaction and health at work. Based on a bibliographical review, this paper presents selected concepts and theoretical models of work satisfaction and their relationship to workersÆ health. The chosen theoretical framework summarizes the evolution of concepts about work satisfaction, starting from those that regard workers only in terms of direct reactions to external factors and work satisfaction only depending upon wages, up to those concepts that emphasize interactions among psychosocial factors at work and one´s subjectivity as crucial for satisfaction levels and as such, influencing workers' health. The association between work satisfaction and health at work, specially regarding mental health, has been established by cross-sectional studies. However, there is a need of more longitudinal studies in order to confirm causes of such associations, as well as more qualitative studies that look into the dynamics of these associations. Finally, directives are presented for implementing and evaluating changes in the design or changes of work organization, focused on psychosocial factors at work, in order to improve levels of satisfaction and, as such, workers' health and health promotion.

Exigências e organizaçäo do trabalho em sala de controle de processo com automaçäo microeletrônica / The organization of the process control operation room by the microelectronic automation

Analisa o trabalho prescrito e o trabalho real de controle de processos com SDCD - Sistema Digital de Controle Distribuído, em uma refinaria paulista. A avaliaçäo qualitativa das vantagens e desvantagens da nova sala de controle apontou diferenças entre os operadores das duas unidades nela instaladas. A Unidade de Craqueamento apresentou maior valorizaçäo geral positiva da sala, em relaçäo à Unidade de Destilaçäo e ambas convergiram na valorizaçäo de dois atributos: "mais moderna" e "mudança de ambiente sala-área". Os itens negativos consensuais foram: exigências de maior atençäo, por falta de pessoal; comunicaçäo ruim, insuficiente, sobretudo em emergências; fadiga visual; muita responsabilidade, por estar sozinho; perda de contato com área. O trabalho real de controle de processo é descrito e analisado e a atividade é avaliada mais finamente a partir da conceituaçäo de planos de açäo básicos. Confirma a evoluçäo do papel dos operadores em sala de controle com SCDC para o de integraçäo e näo somente regulaçäo do sistema de produçäo, e, como tal, altamente dependente do contexto sócio-técnico em que se dá. Neste sentido, retoma o conceito de distribuiçäo móvel de funçöes (em oposiçäo ao de posto fixo), a importância dos locais e espaços de trabalho e a integraçäo social decorrente e inseparável da atividade de trabalho propriamente dita, e, portanto das repercussoes sobre a saúde, a médio e longo prazo, que näo se dissociam do trabalho em turnos e também configuram traços no conteúdo da vida no trabalho e fora do trabalho

Condiçöes de trabalho, organizaçäo do trabalho e suas repercussöes sobre a saúde dos trabalhadores em indústria petroquímica: relatório técnico de pesquisa / Work conditions, work organization and the repercussions on workers health in petrochemical industry of the State of Säo Paulo

Compreende 3 subprojetos. O primeiro estudo sobre Trabalho em Turnos de Revezamento Contínuo objetiva avaliar as possíveis repercussöes no trabalho em turnos nos âmbitos biológico, do desempenho no trabalho, das relaçöes sócio-familiares. A metodologia utilizada baseou-se em obter e comparar informaçöes a partir de uma amostragem dos trabalhadores através de entrevistas, questionários, perfis, protocolos e auto-avaliaçöes. O segundo estudo Análise Ergonômica do Trabalho em Sala de Controle fez uma avaliaçäo qualitativa inicial que permitiu estabelecer o perfil da carga de trabalho dos operadores das salas de controle principais com terminais de vídeo. Faz recomendaçöes para se identificar e/ou prevenir os problemas potenciais de saúde relacionados a este trabalho. O terceiro estudo Características Individuais, Familiares e do Trabalho objetivou avaliar e comparar, através de um questionário, as condiçöes de trabalho e de vida dos trabalhadores em turnos e diurnos que compunham a amostra real do estudo, dividida em quatro grandes áreas (CAC)

Ergonomia: carga de trabalho; fadiga mental / Ergonomics: workload; mental fatigue

Este artigo revisa as conclusöes do Grupo de Psicologia Experimental ("Human Factors"), apresentadas na série de Conferências promovidas em 1979 pela OTAN, sobre a Carga de Trabalha Mental - aspectos da teoria e mensuraçäo. Em seguida, contrapöe aquelas às de ergonomistas franceses que também estudam os componentes da carga de trabalho (inclusive os "mentais") e interessam-se pela análise da atividade em situaçäo real de trabalho. As afirmaçöes básicas, que resumem as conclusöes dos psicólogos da escola "Human Factors", giram em torno de dois eixos principais. 1. a experiência e prática no trabalho levaria a um comportamento "automático", diminuindo o esforço e o "stress" ressentido, aliado a uma maior facilidade para atingir o objetivo da tarefa; 2. em situaçäo real de trabalho, o trabalhador cria estratégias flexíveis e adota critérios pessoais, conseguindo encontrar maneiras de aumentar seu grau de liberdade e modificar a carga de trabalho. Por outro lado, as conclusöes da análise da atividade em situaçäo real de trabalho considerado como repetitivo e monótomo (em indústrias de confecçäo e de montagem eletrônica) afirma: 1. existir uma variabilidade importante nas modalidades de execuçäo da tarefa; 2. haver uma variabilidade (heterogeneidade) devido à natureza da tarefa: a apresentaçäo do trabalho, as características ou qualidade dos materiais, a precisäo exigida, os incidentes em geral; 3. ser o trabalhador um sistema näo-estável, submetido às variaçöes internas ao longo do tempo (sobretudo à fadiga); 4. que as condiçöes de execuçäo das tarefas säo predeterminadas, rígidas, sobretudo a nível da quantidade e qualidade da produçäo. Em resumo, o mundo do funcionamento do homem em situaçäo de trabalho repetitivo, com exigências de rapidez e precisäo, é descrito da seguinte maneira: um trabalhador é um sistema variável que deve responder, através de meios variáveis, às exigências...