ABSTRACT
O corpo feminino, na sua função sexo reprodutiva, tem sido alvo de políticas reguladoras que visam sua normatização. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, verificamos a existência de um corpo manipulado, controlado e monitorado pela biomedicina, já que esta dita as normas de saúde e doença, delineando estilos de vida no imaginário social. Na atualidade, observamos a forma como o discurso biomédico vem interferindo fortemente como instância produtora de normas e significados referentes ao corpo, à sexualidade e à maternidade, como nas modernas formas de concepção por meio das Novas Tecnologias Reprodutivas conceptivas NTRc. O presente estudo tem como objetivo investigar os vários aspectos éticos que envolvem a reprodução humana mediante a intervenção biomédica, tomando como referencias as áreas da antropologia, sociologia, biomedicina e psicanálise. Consideramos que as implicações desse procedimento afetam as experiências singulares e coletivas em relação às vivências do corpo, da sexualidade e das relações sociais e amorosas. As reflexões advindas da bioética, por não intencionarem responder conclusivamente aos dilemas humanos, instauram espaços de acolhimento a inusitadas subjetividades, possíveis pelas intervenções tecnocientíficas. Ressaltamos a importância da conjunção de olhares que aliem à hegemonia biomédica, aspectos históricos e subjetivos, considerando a complexidade do humano. As inquietações éticas relacionadas à reprodução medicalizada podem subsidiar diálogos que iluminam pesquisas e intervenções em campos interdisciplinares das ciências da vida.