Multifactorial aspects of systemic arterial hypertension in childhood / Hipertensão arterial na infância - seus aspectos multifatoriais

ABSTRACT Clinical case of a female patient referred to our Institution at the age of seven years old with Systemic Arterial Hypertension. The patient had been severely obese since she was 4 years old and high blood pressure levels were detected in several medical consultations a few months ago. She has a history of prematurity, a sedentary lifestyle, and an inadequate diet, in addition to a family history of obesity and high blood pressure. We discussed the investigation of the etiology, the presence of target organ lesions, and the treatment of arterial blood pressure in youth. In the follow-up, there was adequate control of blood pressure after initiation of angiotensin-converting enzyme inhibitor, with great difficulty in weight reduction. Even under nutritional guidelines and reinforcement regarding lifestyle changes, the patient had a weight gain of 25 kilos. We report this case in view of the significant increase in the prevalence of Systemic Arterial Hypertension in children and adolescents. There are multifactorial aspects to the development of this scenario, largely associated with an inadequate lifestyle. The difficulties related to its management and the presence of comorbidities, especially obesity, highlight the need for a multidisciplinary approach so that the evolution of the patient's condition becomes as desired.

RESUMO Caso clínico de uma paciente do sexo feminino, encaminhada a nossa Instituição aos sete anos de idade por provável Hipertensão Arterial Sistêmica. A paciente apresentava obesidade grave desde os quatro anos e há alguns meses foram detectadas medidas de pressão arterial elevadas em várias consultas médicas. Tem antecedentes de prematuridade, sedentarismo e dieta inadequada, além de história familiar também de obesidade e hipertensão arterial. Discutimos as condutas quanto a investigação da etiologia, da presença de lesões de órgãos alvo e do tratamento. Na evolução, houve controle adequado da pressão arterial após início de inibidores da enzima de conversão da angiotensina, mas grande dificuldade na redução do peso. Ao longo do seguimento, mesmo sob orientações nutricionais e reforço quanto a modificações do estilo de vida, a paciente apresentou ganho ponderal de 25 quilos. Relatamos este caso atendendo a necessidade de discussão do tema frente ao aumento significativo da prevalência de HAS em crianças e adolescente. Existem aspectos multifatoriais para o desenvolvimento da hipertensão arterial na infância, em grande parte associada a um estilo de vida inadequado. As dificuldades relacionadas ao seu manejo a presença de comorbidades, em especial da obesidade, ressaltam a necessidade de uma abordagem multiprofissional para que a evolução do quadro da paciente venha a ser o desejado.

Eating disorders among health science students at a university in southern Brazil / Transtornos alimentares em universitárias da área da saúde de universidade do sul do Brasil

OBJECTIVES: To analyze eating disorders among female university students and to assess the frequency of bulimia nervosa, anorexia nervosa, and inappropriate weight loss strategies in this population. METHODS: The sample comprised 214 female university students attending different health science programs at a university in southern Brazil, aged over 18 years, assessed using self-administered questionnaires. The 26-item version of the Eating Attitudes Test (EAT-26), the Bulimic Investigatory Test, Edinburgh (BITE), and a supplementary questionnaire covering data on weight status and inappropriate weight loss strategies were used to assess dietary abnormalities. RESULTS: Mean age (± standard deviation) was 21±9.93 years, and mean body mass index (BMI) was 21.1±2.59. Among the respondents, 72.9 percent said they would like to weigh less, 29 percent reported the use of different weight loss methods (diuretics were the most common, followed by laxatives, amphetamine-derived drugs, and self-induced vomiting). With regard to EAT-26 scores, 22.4 percent (95 percentCI 17.7-27.1) revealed abnormal feeding patterns; BITE indicated that 9.8 percent (95 percentCI 6.5-13.1) were at risk for developing bulimia and 36.9 percent (95 percentCI 31.5-42.3) required clinical evaluation. Mean BMI was lower among students with normal scores on both tests, but no association was found between BMI and satisfaction with own weight. CONCLUSION: There was a strong trend toward eating disorders in the health science students assessed, as demonstrated by EAT-26 and BITE scores; inadequate weight loss strategies are frequently used as well.

OBJETIVOS: Analisar a presença de transtornos alimentares em universitárias e avaliar a frequência dos quadros de bulimia, anorexia nervosa e estratégias inadequadas para emagrecimento na amostra estudada. MÉTODOS: Foram estudadas 214 universitárias matriculadas em diferentes cursos da área da saúde em uma universidade do sul do Brasil, com idade igual ou superior a 18 anos; a avaliação se deu por meio de questionários autoaplicáveis. A frequência de padrões alimentares anormais foi avaliada de acordo com os escores das versões em português do Eating Attitudes Test, versão de 26 itens (EAT-26), do Bulimic Investigatory Test, Edinburgh (BITE), e um questionário complementar com itens sobre a situação ponderal e estratégias inadequadas utilizadas para emagrecer. RESULTADOS: As estudantes tinham média (± desvio padrão) de idade de 21±9,93 anos e índice de massa corporal (IMC) médio de 21,1±2,59. Entre as participantes, 72,9 por cento afirmaram que gostariam de pesar menos e 29 por cento relataram o uso de estratégias inadequadas para emagrecer (o uso de diurético foi o mais frequente, seguido de laxantes, derivados de anfetaminas e vômitos induzidos). De acordo com a pontuação do EAT-26, 22,4 por cento das estudantes (IC95 por cento 17,7-27,1) apresentaram padrão alimentar anormal. Já o BITE indicou que 9,8 por cento (IC95 por cento 6,5-13,1) se encontravam no grupo com grande possibilidade de bulimia e 36,9 (IC95 por cento 31,5-42,3) apresentavam necessidade de avaliação clínica. A média do IMC foi menor entre as universitárias com escores normais nos dois testes, porém não foi encontrada associação entre IMC e satisfação com o próprio peso. CONCLUSÕES: Nas futuras profissionais da saúde avaliadas, houve uma alta taxa de tendência a transtornos alimentares, conforme evidenciado pelos escores do EAT-26 e do BITE; o uso frequente de técnicas inadequadas de emagrecimento também foi constatado.