O Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde - PPSUS como ferramenta de descentralização do fomento à pesquisa em saúde / The Research Programme for the NHS: shared health management - PPSUS decentralization as a tool to promote research in health

Introdução: O Brasil adentrou o século 21, caracterizado como o século da Ciência e Tecnologia – C&T, buscando discutir, identificar e implantar mecanismos de construção de uma sociedade onde o conhecimento seja o propulsor de conquistas sociais, econômicas e culturais. Tinha pela frente a tarefa de confrontar desafios que se apresentavam no cenário do sistema nacional de C&T, como a fragmentação das atividades de C&T, a ausência de coordenação interinstitucional e a concentração das atividades de C&T em determinadas regiões do país. Objetivo: Este estudo se propôs analisar uma das principais estratégias do recém-criado Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde para o enfrentamento a estes desafios, desenvolvido, entre os anos 2002 e 2008 por meio do “Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde – PPSUS”. Método: Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, desenvolvido por meio de recursos do método quantitativo de pesquisa e com suporte de instrumentos multivariados de coleta de dados: pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. No tocante aos dados, foram coletados dados sobre o conjunto de projetos de pesquisa em ciência e tecnologia em saúde, fomentados no país no período de 2002 a 2008 e financiados pelo Ministério da Saúde, em ação compartilhada com Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de Unidades Federativas do país e com Secretarias Estaduais de Saúde (SES). As fontes de coleta dos dados foram a base de dados gerenciais “PesquisaSaúde” do Ministério da Saúde e a base de dados do Curriculum Lattes do CNPq. A coleta de dados abrangeu o universo de 1.271 projetos de pesquisa, fomentados no país desde o início do programa de fomento à pesquisa em ciência e tecnologia em saúde (2002), até 2008, quando teve início a pesquisa. Resultados: Nas três edições do PPSUS estudadas, houve a participação de todos os 27 estados da federação, 213 instituições de pesquisa e 1.151 pesquisadores. Do total de recursos 41 por cento foram alocados pelas FAPs e SES, mostrando uma crescente responsabilização destes como parceiros efetivos na consolidação do programa. Conclusão: Os resultados observados reforçaram a hipótese positiva de que o programa de gestão descentralizada produziu efetivamente uma reestruturação em termos de gestão de C&T, interferindo no aprimoramento das políticas de C&T nos estados, institucionalizando ações de gestão de forma a se constituírem numa rotina administrativa.

As mäes adolescentes e os filhos delas: veredas: nascimento e morte no primeiro ano de vida, Joinville, SC, 1995 / Adolescent mothers and their infants: birth and death in the first year of life, Joinville, Brazil, 1995

Foram estudadas as condições dos nascimentos e óbitos de crianças menores de um ano, nascidas e residentes no município de Joinville, no ano de 1995, identificando diferenças e semelhanças entre os grupos de mães adolescentes e adultas. Através da técnica de "linkage" das Declarações da Nascido Vivo (DN) e as Declarações de Óbito (DO), formou-se o banco de dados final com 8.234 nascidos vivos de gestação única e uma coorte de 79 óbitos de menores de um ano, decorrentes destes nascimentos. Dos 8.234 nascidos vivos, 50,9 por cento foram do sexo masculino. Houve predominância de mães entre 20 e 34 anos (73,1 por cento). A porcentagem de mães adolescentes foi de 19,3 por cento. A porcentagem de Baixo Peso ao Nascer foi de 6,1 por cento. A porcentagem de Apgar-01 => foi 99,1 por cento. O percentual partos pré-termos foi 3,9 por cento. Partos cirúrgicos 37,4 por cento. Mães com mais de 6 Consultas de Pré-natal 66,4 por cento. Partos em hospital público 75,8 por cento. Mães com grau de instrução fundamental 80,1 por cento. Os filhos das mães adolescentes apresentaram risco significativo para: Baixo Peso ao Nascer (RR=1,7); Apgar-01<7 (RR=1,38); Gestações pré-termo (RR=1,58); Partos cirúrgicos (RR=0,7); Até 6 consultas pré-natal (RR=1,19); Grau de Instrução até o 1 grau (RR=1,17). Dos 79 óbitos, 65,8 por cento eram do sexo masculino. Quanto à idade ao morrer, 43,0 por cento eram Neonatais Precoces; 11,4 por cento Neonatais Tardios e 45,6 por cento Infantis Tardios. Não houve correlação significativa entre faixa etária da mãe e idade do RN ao morrer (p=0,79). Quanto ao local de ocorrência: 13,9 por cento foram no domicílio; os filhos de mães adolescentes apresentaram RR=4,26 para óbitos domiciliares. A estimativa da probabilidade de morte dos nascidos vivos de gestação única, levantada a partir dos 8.234 nascidos vivos e da coorte de 79 óbitos infantis, foi de 9,6 óbitos por mil nascidos vivos. Os filhos de mães adolescentes apresentaram probabilidade de morte maior que os de mães adultas, dado significativo apenas para os filhos de mães entre 17 e 19 anos, 15,5 por mil nascidos vivos (RR=1,8; p<0,01)

As causas dos acidentes de trabalho para operários acidentados e näo acidentados, chefias e supervisores de segurança / Causes of occupational accidents for injuried and non-injuried workers, managers and safety supervisors

Aborda-se a questäo da atribuiçäo de causalidade dos acidentes do trabalho na "sociedade pós-industrial", concluindo que há divergências nesse processo entre o ator (operário) e o observador (chefes), em virtude da posiçäo hierárquica mantida na organizaçäo empresarial. Os operários tendem a apontar nas ocorrências causas externas ou ambientais, e as chefias, causas internas ou falha humana, permanecendo os supervisores de segurança em posiçäo intermediária. Esse fato pode gerar um fenômeno indesejável: as chefias e os técnicos, que detêm o poder e a informaçäo, näo agirem sobre o meio agressivo, provocador de grande parte dos acidentes