ABSTRACT
Contexto: Infecções de vias respiratórias, em especial a pneumonia, estão entre as principais causas de morbidade e mortalidade em pediatria. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o tratamento adequado seria prescrito em apenas 30% dos casos. Devido a esse desafio diagnóstico e ao uso desenfreado de terapia antimicrobiana empírica ouinadequada, tem-se observado no Brasil e no mundo crescente número de cepas bacterianas resistentes.Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, três anos de idade, deu entrada em hospital geral com febre alta, tosse e dor abdominal. Diagnosticada pneumonia comunitária, foi internada e após dois dias houve piora do quadro clínico, com sinais de desconforto respiratório e presença de derrame pleural e pneumatocele à direita em radiografia e tomografia computadorizada de tórax. Foi iniciada a terapia com ceftriaxone e vancomicina com intuito de cobrir Staphylococcusaureus resistente (methicillin-resistant Staphylococcus aureus, MRSA) e drenados 600 ml de líquido purulento da cavidade torácica direita, onde foi identificado crescimento de Streptococcus pneumoniae sensível a penicilina ao antibiograma.Discussão: O principal agente etiológico nas pneumonias comunitárias em pré-escolares é o Streptococcus pneumoniae e as penicilinas ou macrolídeos devem ser os antibióticos de escolha inicial. As complicações, como pneumatocele e derrame pleural, apesar de mais frequentes na etiologia estafilocócica, não determinam a necessidade de iniciar oxacilina ou vancomicina de forma empírica.Conclusões: Apesar de alguns casos de pneumonia evoluírem com pneumatocele e derrame pleural, essa associação não é patognomônica da etiologia estafilocócica e tal critério não deve ser adotado como único fundamento na indicação de terapêutica antimicrobiana.