ABSTRACT
Os fluxos migratórios se tornaram um campo de tensões sociais e políticas que desconsideram sua condição sine qua non para a construção de uma sociedade. Atualmente o fluxo migratório é fenômeno que desnuda as formas de funcionamento social e político que camuflam e tornam invisibilizada a gestão social na lógica da guerra. Nesta ficam banalizados os discursos de ódio que segregam, fomentam os racismos e outras modalidades de exclusão com foco nos marcadores étnico-raciais, econômicos, culturais, religiosos ou de gênero. As migrações de massa, assim como a recusa em acolher os imigrantes e a determinação de os expulsar, revelam uma guerra sem nome, ou seja: uma modalidade de política baseada na globalização perversa. Ela institui um colonialismo amplo, geral e irrestrito, com a centralização do capital à custa de miséria, domínio e morte de muitos e também das formas de vida que eles representam
Subject(s)
Politics , Schools , Human Migration , Social IsolationABSTRACT
O presente artigo pretende discutir algumas facetas da construção de intervenções psicanalíticas clinicopolíticas com escolas. Parte-se de uma pesquisa-intervenção em algumas escolas municipais da cidade de São Paulo que se viram confrontadas com o silêncio de crianças de origem imigrante como um enigma a ser cuidado pelas instituições. Tem-se como objetivo discutir as tensões entre um sintoma singular e suas inscrições coletivas na produção de intervenções clinicopolíticas com escolas, estas que tem como intuito é contribuir para escolarização das crianças de origem migrante. O artigo se guiará construção do acompanhamento de uma criança que não falava nenhuma língua e colocava entraves em sua escolarização. Sublinha-se a tensão entre um sintoma singular e uma verdade social para escutar esses sintomas que, de outra forma, poderiam continuar silenciados
El presente artículo tiene como objetivo discutir algunos aspectos de la construcción de intervenciones psicoanalíticas clínico-políticas con lasescuelas. Parte de una investigación-intervención en algunas escuelas de la ciudad de Sao Paulo. Estas escuelas fueron confrontadas con el silencio de los niños migrantes como un síntoma a ser enfrentado por las instituciones. Se pretende discutir las tensiones entre las dimensiones singulares de este síntoma y sus dimensiones sociales. Por lo tanto, las intervenciones clínico-políticas con las escuelas tienen como objetivo contribuir a la escolarización de los niños migrantes. Este artículo se estableceráa partir de la construcción del acompañamiento de un niño que no podía hablar ningún idioma y planteaba muchas preguntas a la escuela. El artículo remacha la tensión entre un síntoma singular y sus significados sociales como una manera de escuchar estos síntomas, que de lo contrario podrían permanecer silenciados
The article aims to discuss some aspects of the construction of clinical-political psychoanalytic interventions with schools. It starts from a research-intervention in some schools in Sao Paulo city. These schools were confronted with the silence of migrant children as a symptom to be faced by the institutions. It intends to discuss the tensions between the singular dimensions of this symptom and its social dimensions. Therefore, the clinical-political interventions with schools aims to contribute to the schooling of migrant children. This article will be guided by the construction of the follow-up of a child who couldn't speak any language and raised many questions to the school. The tension between a singular symptom and its social meanings is underlined in order to listen to these symptoms, which might otherwise remain silenced
Cet article a pour but de discuter les facettes de la construction d'interventions psychanalytiques clinique-politiques avec les écoles. Il part d'une recherche-intervention dans certaines écoles de la ville de Sao Paulo. Ces écoles ont été confrontées au silence des enfants issus de la migration comme un symptôme à être confronté par les institutions. L'objectif est de mettre en relief des tensions entre les dimensions singulières de ce symptôme et ses dimensions sociales. Ainsi, les interventions clinique-politiques auprès des écoles cible à contribuer à la scolarisation des enfants migrants. Cet article sera guidé dans la construction du suivi d'un enfant qui ne parlait aucune langue et posait de nombreuses questions à l'école. La tension entre un symptôme singulier et ses significations sociales est soulignée afin d'écouter ces symptômes, au contraire ils risquent de rester silencieux
Subject(s)
Humans , Male , Child, Preschool , Schools , Emigrants and Immigrants , Psychosocial Intervention , Language Development Disorders , Psychoanalysis , Brazil , Migrant-Receiving SocietyABSTRACT
O presente artigo parte do pressuposto de que a amizade pode ser tomada como um discurso e uma prática, articulando os sentidos da amizade com as vicissitudes dos usos da política. Para tanto, nos apoiamos nas leituras de Hannah Arendt a respeito das concepções da política na modernidade, pois ela localiza que a política, nos dias de hoje, se afirma, principalmente, como gestão de Estado, ligação fortemente questionada pela autora. Ao retomar as concepções da política na Grécia Antiga, Arendt propõe que esta estava compreendida na ação dos cidadãos no espaço público. Assim, nos voltaremos à amizade, destacando que a união da philía com a pólis colocou em cena, desde a Antiguidade, sua importância política. Na modernidade, todavia, com a afirmação do Estado de direito, a fraternidade, a igualdade e a liberdade são entendidas como direitos universais. Nesse cenário, apresentamos a afirmação da philía em detrimento da fratria, como ponto de articulação da política na modernidade, examinando seus desdobramentos.
This article articulates the actual vicissitudes of politics through the discussion of friendship, assuming it as a discourse and a practice. With that in mind, we relied on Hannah Arendt's discussion about the meanings of politics in modernity, since this author allows us to locate politics nowadays as State management. As long as she resumes the senses of politics in Ancient Greece, Arendt proposes that politics lies within the action of citizens in the public space, is located, therefore, in the gap in between the ordinary world. From these discussions, we will return to friendship, highlighting the fusion of philia with polis that made happen, since antiquity, its political importance. In modernity, however, with the assertion of Rechtsstaat, fraternity, equality and liberty are understood as universal rights of men, in this context, we intent to admit philía like an articulation possibility to discuss the modern politics.
En este artículo se articula las vicisitudes de los usos de la política en el interior de un debate sobre la amistad, tomándola como un discurso y una práctica. Para eso, nos basamos en las lecturas de Hannah Arendt sobre el significado de la política en la modernidad, ya que esta autora nos permite localizar la política, en estos días, como algo reducido a sentidos de la administración del Estado. Al retomar los sentidos de la política en la Grecia Antigua, Arendt sugiere que la política sea entendida como la acción de los ciudadanos en el espacio público. Por tanto, nos dirigimos a la amistad destacando la unión de la philía con la pólis, que pone en juego, desde la Antigüedad Clásica, su importancia política. En la modernidad, con la afirmación del Estado de derecho, la fraternidad, la igualdad y la libertad son derechos universales, en este contexto, pretendemos tomar la philía como un articulador de pensamiento para la política moderna.
Cet article suppose que l'amitié peut être considérée comme un discours et la pratique articuler les significations de l'amitié avec les vicissitudes des usages politiques. Pour cela, nous nous appuyons sur les lectures de Hannah Arendt sur les conceptions politiques de la modernité, car elle estime que la politique d'aujourd'hui, il est dit, d'autant plus que la gestion de l'Etat, lien fortement remis en question par l'auteur. Pour reprendre les conceptions politiques de la Grèce antique, Arendt suggère que cela a été inclus dans l'action des citoyens dans l'espace public. Ainsi, nous nous tournons vers l'amitié, en notant que l'union de philia avec la polis mis en jeu, depuis les temps anciens, son importance politique. Dans les temps modernes, cependant, l'affirmation de l'Etat de droit, la fraternité, l'égalité et la liberté sont compris comme des droits universels. Dans ce scénario, nous présentons la déclaration de philia au détriment de la phratrie en tant que point dans la modernité de pivot de la politique, l'examen de ses conséquences.