ABSTRACT
Resumo O presente artigo discute os resultados de uma pesquisa-intervenção fundamentada na abordagem psicossocial clínica realizada junto a jovens rappers brasileiros e franceses, entre 13 e 27 anos. Nosso objetivo é analisar a função do rap, como mediação artística, para os jovens moradores de espaços urbanos desfavorecidos. A pesquisa de campo foi realizada a partir de observação participante e entrevistas nos dois países, entre outubro de 2007 e junho de 2009. Nossas análises mostram que o rap é utilizado pelos jovens para pensar sobre o mundo que os rodeia e para agir sobre as representações e o imaginário social negativos aos quais são associados, buscando o reconhecimento de um lugar positivo na sociedade. Através desta expressão artística podem realizar novas experiências sociais e subjetivas na cena social. O rap é também um suporte para constituição de grupos de pares e para construção de laços sociais entre jovens moradores de diferentes periferias do globo. Buscamos, assim, contribuir para discussão em torno da dimensão coletiva e singular de práticas de saúde, constitutivas de uma clínica que não se limita à procedimentos técnicos padronizados ou aos conhecimentos científicos de base biológica.
Abstract This article discusses the results of research-intervention based on the clinical psychosocial approach conducted among young Brazilian and French rappers between 13 and 27 years of age. Our objective is to analyze the function of rap, as artistic mediation, for the young inhabitants of disadvantaged urban areas. The field research was performed on the basis of participant observation and interviews in both countries. Our analyses show that rap is used by youths to reflect upon the world around them and to react to the negative representations and social imagery with which they are associated, seeking recognition of a positive place in society. Through this artistic expression they become able to accomplish new social and subjective experiences on the social scene. Rap is also a support for the formation of peer groups and social bonds among young inhabitants of different suburbs of the world. In this way, this study seeks to contribute to the discussion surrounding the collective and singular dimension of health practices, thereby constituting a research clinic that does not limit itself to standard technical procedures or to biologically-based scientific knowledge.