ABSTRACT
A salmonela näo-typhi tem se constituído em importante causa de infecçäo nosocoial no Brasil, atingindo níveis endêmicos em alguns Estados na década de 70 e 80, alcançando principalmente lactentes jovens. Neste trabalho, estudamos prospectivamente 25 lactentes de idade variando de quatro a 180 dias de vida para verificar a duraçäo do período de portador da infecçäo e suas repercussöes clínicas. Após o diagnóstico, estas crianças foram acompanhadas mensalmente, com exames clínicos e com cultura de material obtido de pele, orofaringe, urina, fezes, aparelho geniturinário, narina e conduto auditivo. Dezoito (72%) dos pacientes persistiam colonizados com quatro semanas, dez (40%) persistiam com oito, sete (28%) com 12, quatro (16%) com 16, quatro (16%) com 20 e um (4%) com 24 semanas. Em 11 casos foi feito estudo seriado das amostras isoladas quanto ao biotipo e sensibilidade antimicrobiana. Em todos os casos, os biotipos das bactérias isoladas foram os mesmos durante todo o seguimento, caracterizando-a como da mesma cepa. Concluímos que existe uma persitência de excreçäo da salmonela pelo organismo que pode atingir até 24 semanas. Esta excreçäo pode se constituir em uma fonte de disseminaçäo, tanto através do pessoal de saúde, como no contato interpessoal, intra-hospitalar ou domiciliar. O uso de agentes antimicrobianos näo erradica a salmonela, apesar de melhorar o estado clínico dos pacientes durante a doença aguda