ABSTRACT
Depressão e ansiedade são transtornos prevalentes no período pós-infarto do miocárdio e constituem fatores que acrescem incapacidades e influenciam a morbimortalidade do paciente previamente infartado. No entanto, não há diretrizes nacionais no que diz respeito às repercussões na qualidade de vida, às estratégias para diagnóstico e ao melhor tratamento dessas comorbidades. Além disso, as evidências existentes frequentemente não se encontram reunidas em protocolos específicos internacionalmente aceitos, dificultando a reprodutibilidade da conduta mais adequada. Dessa forma, o objetivo desta revisão sistemática é analisar as repercussões dos problemas de saúde mental para o indivíduo previamente infartado, buscando apresentar opções terapêuticas que possam ser ofertadas pela Saúde Primária. Assim, realizou-se pesquisa nas bases de dados PubMed,Lilacs, SciELO e BVS com os Mesh Terms "myocardial infarction", "mental health" e "primary care" e o boleano "AND". Foram selecionados 30 artigos em língua portuguesa e inglesa que mais adequadamente se relacionavam com os objetivos deste trabalho, utilizando-se os critérios PRISMA. O recorte temporal analisado compreende os anos de 2011 a 2021. Os resultados da pesquisa mostraram associações entre ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental e diminuição da qualidade de vida, como readmissão hospitalar, maiores custos em saúde, dor torácica, e maior risco de desfechos cardiovasculares. As escalas validadas mostraram-se ferramentas úteis no diagnóstico das comorbidades mentais no pós-infarto. Dentre as opções terapêuticas mais eficazes encontradas, estão as de enfoque psicossocial e a Terapia Cognitivo-Comportamental, havendo grande divergência literária a respeito dos antidepressivos. Dada a grande repercussão na qualidade de vida do indivíduo pós-infartado, mais estudos são necessários para definir melhores abordagens terapêuticas com evidente redução na mortalidade.
Depression and anxiety are prevalent disorders in the post-myocardial infarction period and constitute factors that add disabilities and influence the morbidity and mortality of previously infarcted patients. However, there are no national guidelines regarding the repercussions on quality of life, diagnostic strategies and the best treatment of these comorbidities. Furthermore, the existing evidence is often not gathered in specific internationally accepted protocols, making it difficult the reproduce the most appropriate conduct. Thus, the aim of this systematic review is to analyze the repercussions of mental health problems for the previously infarcted individual, seeking to present therapeutic options that can be offered by Primary Health Care. Thus, the search was carried out in the PubMed, Lilacs, SciELO and BVS databases with the Mesh Terms "myocardial infarction", "mental health" and "primary care" and the Boolean "AND". Thirty articles in Portuguese and English were selected that more adequately related to the objectives of this work, using the PRISMA criteria. The time frame analyzed comprises the years 2011 to 2021. The survey results showed associations between anxiety, depression and other mental health problems and decreased quality of life, such as hospital readmission, higher health care costs, chest pain, and increased risk of cardiovascular outcomes. The validated scales proved to be useful tools for diagnosing post-infarction mental comorbidities. Among the most effective therapeutic options found are those with a psychosocial focus and Cognitive-Behavioral Therapy, with great literary divergence regarding antidepressants. Given the great impact on the quality of life of the post-infarcted individual, further studies are needed to define better therapeutic approaches with a clear reduction in mortality.