ABSTRACT
O coração por ser um órgão centralizador e carregado de simbologia leva as pessoas a acreditarem que este é depósito de sentimentos, emoções, religiosidade e, até mesmo, portador da própria vida. Esta visão mitificada do coração pode influenciar a decisão do indivíduo em vir a ser doador de órgãos, bem como as famílias em doar os órgãos do seu ente. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi descrever as percepções presentes nos discurso da simbologia do coração, inspirado no pensamento do filósofo Maurice Merleau-Ponty e apontar as possíveis contribuições da abordagem com sensibilidade diante da visão mitificada do coração. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa no qual foram entrevistados 20 funcionários do corpo administrativo de um hospital de grande porte em Goiânia. A análise dos discursos nos possibilitou considerar duas categorias: historicidade do pensamento presente e satisfação simbólica. O corpo, enquanto espaço expressivo, revela-se, de forma marcante, em um indivíduo em morte encefálica, no qual a linguagem se concentra no pulsar de um coração que bate em um corpo morto; esta expressividade irá se aglutinar às representações simbólicas do coração e influenciará na decisão da doação de órgãos.