ABSTRACT
Há algumas décadas, vários historiadores e historiadoras têm procurado compreender e explicar as raízes da trágica situação da infância abandonada brasileira. Andréa da Rocha Rodrigues pertence a esse grupo. Com sensibilidade e talento, ela analisou as primeiras políticas republicanas frente ao que, na época, se designava "menor abandonado". Este resultado de laboriosa pesquisa, que o leitor tem nas mãos, pode ser descrito como uma problematização sobre a questão das continuidades e mudanças registradas ao longo do tempo. O cenário da pesquisa e a cidade de Salvador na primeira metade do século XX. A escolha não poderia ser melhor e isso é fácil de ser compreendido. No referido período, observava-se, nas principais capitais brasileiras, a progressiva intervenção do Estado e de médicos higienistas no que diz respeito aos problemas sociais. Tal mudança não era uma novidade. Há muito, ela sucedia em diversos países europeus. De forma semelhante ao que ocorria em outras esferas da sociedade brasileira, copiavam-se políticas públicas de saúde, principalmente aquelas de origem francesa. Contudo, ao migrarem do Velho para o Novo Mundo, as novas concepções encontravam obstáculos ao ser implementadas.