ABSTRACT
O processo de transformaçäo institucional em Saúde Mental tem sido um desafio, pois é preciso realizar a desconstruçäo das ideologias e dos diversos campos do conhecimento. Por esta razäo, objetiva-se colocar em discussäo conteúdos, crenças e valores que os profissionais, pacientes dos serviços de saúde mental e seus familiares, apresentam em relaçäo à doença mental. Dentro do referencial teórico da Psicologia Social, tendo como pressuposto o conceito de reificaçäo, foram discutidas as concepçöes dessas pessoas visando colher dados que busquem refletir sobre questöes relativas à compreensäo da doença mental. O estudo foi desenvolvido com trinta participantes, sendo 10 profissionais, 10 usuários e 10 familiares dos serviços extra-hospitalares da regiäo de Marília (SP). Para coleta dos dados foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, seguindo uma técnica desenvolvida por Figueiredo (1989). As entrevistas foram gravadas e transcritas, sendo posteriormente categorizadas e analisadas. Os dados foram analisados através de uma adaptaçäo da técnica de análise de conteúdo, e encontramos as subcategorias: instabilidade emocional, perda do padräo de normalidade, visäo biológica, predisposiçäo hereditária e estigma. Estas seis subcategorias sugeriram que muitas vezes as concepçöes presentes no trabalho em Saúde Mental se caracterizam pela reproduçäo estereotipada de conhecimentos adquiridos e a práxis passa a se constituir pela manutençäo do estabelecido, sem a criaçäo de novos modelos de intervençäo.