Aspectos sanitários, ecológicos e de saúde pública decorrente de florações das cianobactérias Microcystis aeruginosa e Cylindrospermopsis raciborskii / Sanitary, Ecological and Public Health Aspects Resulting from Cyanobacteria Microcystis Aeruigonsa and Cylindrospermopsis Raciborskii

Neurotoxinas e hepatoxinas produzidas por espécies de cianobactérias M. aeruginosa e C. raciborskii ultimamente têm sido o motivo de grandes discussões por profissionais da saúde e meio ambiente. As florações destas cianobactérias se dão principalmente em ambientes aquáticos onde se recebe carga orgânica de origem agrícola, industrial e doméstica, geralmente em reservatórios de água, rios, lagos, tanques destinados à aqüicultura, dentre outros. O presente trabalho, por meio de uma revisão bibliográfica, buscou relacionar os problemas que as florações podem ocasionar e como podem ser abordadas sob os pontos de vista sanitário, ecológico e de saúde pública.

Caracterização de amostras de sedimento hídrico do estuário de Santos utilizando análises de toxicidade aguda e genotoxicidade e quantificação de bactérias dos ciclos bioquímicos / Characterization of Hydric Sediment Samples from the Santos Estuary Using Acute Toxicity and Genotoxicity Analyses and Quantification of Bacteria of the Biochemical Cycles

Com o objetivo de complementar a caracterização da quantidade dos sedimentos do estuário de Santos, que nos locais mais contaminados pode conter até 2000 mg/g de benzo(a)pireno, 2600 mg/g de zinco e 567 mg/g chumbo, foram analisados três pontos de coleta. Um, no estuário, próximo a siderúrgica (ponto A), mais contamindado por HPAs e metais, outro no rio Piaçaguera (Ponto B), impactado por diferentes atividades industriais e no rio Queiroz (Ponto C), considerado neste estudo como controle. Diferentes análises foram realizadas em amostas de sedimento dos pontos citados. Para avaliação da toxicidade aguda foi utilizado o ensaio com bactérias luminescentes (V. fischeri), e para avaliação da mutagenicidade empregou-se o teste com Salmonella/microsoma (teste de Ames). Foram também realizadas análises microbiológicas para isolamento e quantificação de bactérias redutoras do sulfato (BRS), oxidantes do enxofre (BOS), bactérias metagênias (IBM) e heterotróficas (BH). As amostras do ponto de impacto pela siderúrgica, mostraram efeito tóxico agudo e os dados mostram que tanto os metais como os orgânicos poderiam ser a causa do efeito observado. As amostras deste ponto também mostraram atividade mutagência (10³ a 10 revertentes/g), sendo que a adição de S9 aumentou a atividade mutagência sugerindo a predominância de HPAs não substiuídos. O ponto do rio Piaçaguera não apresentou toxicidade aguda e a mutagenicidade foi aproximadamente 10 vezes menor que amostras do ponto A. O ponto C apresentou resultados negativos para ambos os testes realizados. Elevadas contagens de BRS e BM foram observadas nos três pontos avaliadaos. Bactérias do grupo das oxidantes do enxofre (BOS), especialmente do grupo neutrofílicas, foram também isoladas, apesar do caráter anóxico desta matriz. Podemos concluir que o ponto coleta localizado no estuário (Ponto A) é mais impactado que o ponto do rio Piaçaguera (Ponto B), e que o Rio Queiroz monstrou-se adequado como controle.

O teste de toxicidade com bactérias luminescentes e o controle da poluição das águas / Toxicity Tests Using Luminescent Bacteria and Water Pollution Control

O teste de toxicidade aguda com bactérias luminescentes testa usa como organismo de teste Vibrio fischeri, uma bactéria marinha luminescente. Uma cultura das bactérias é exposta à amostra do teste por um período de 15 minutos, e a quantidade de luz que emitem é medida por um fotômetro especial. Quanto mais toxica a amostra, tanto menor a quantidade de luz produzida pelas bactérias. A metodologia é estandartizada internacionalmente. O teste tem uma escala de sensibilidade similar à de outros biotestes aquáticos de toxicidade, como os feitos com a espécie de água doce Pimephales promela (peixe-isca), com a Daphinia (pulga d´água), e com a espécie Oncorhynchus mykiss (truta-arco-íris). Diversas vantagens do procedimento podem ser indicados: requer somente volumes pequenos de amostra (5 ml); as bactérias são de fácil conservação e armazenamento; é muito rápido (15 minutos) e é deveras reproduzível. A desvantagem, dado que as bactérias são organismos marinhos, é a necessidade de adicionar solução osmótica para fins de ajuste ao testar amostras com menos de 2 por cento de salinidade, o que pode interferir na resposta tóxica de algumas espécies químicas. O teste tem sido aplicado com sucesso pela CETESB, o órgão de proteção ambiental do Estado de São Paulo, desde 1986 para avaliar a qualidade de efluentes industriais, águas de superfície, amostras do solo e de sedimento, sendo considerado uma importante ferramenta especial na avaliação da eficiência do tratamento a de efluentes, bem com o da eficácia dos programas de monitoramento para verificar a eficiência das ações de controle e prevenção da poluição.

Uma síntese sobre colifagos como indicadores de poluição fecal / Colifags as Indicators of Fecal Pollution - a Summary

Em 1917 alguns autores descreveram um fenômeno lítico não específico em placas de culturas bacterianas. Este princípio lítico levantou a hipótese de que se tratava de vírus patogênico para a bactéria que causava lise de seu hospedeiro enquanto se multiplicava. Este microorganismo foi denominado bacteriófago ou fago. Colifago é o nome genérico aplicado a bacteriófagos que atacam bactérias do grupo coliforme. Acredita-se que se os colifagos estejam presentes sempre que as bactérias coliformes fecais são isoladas. Atualmente, a detecção de níveis de bacteriófagos na água poluída por esgoto tem sido proposta por diversos autores como forma de avaliar o nível de contaminação dessa água. A descrição de uma correlação entre níveis de colifagos e coliformes tem estabelecido a importância do bacteriófago como um indicador de contaminação fecal. Apesar do índice de coliformes ser o critério microbiólogico utilizado para avaliar a qualidade da água e o risco de presença de bactérias patogênicas, questiona-se a sua utilidade para indicar a presença de vírus entéricos. A detecção de níveis de bacteriógagos na água tem sido então proposta como alternativa à avaliação da contaminação de diferentes tipos de água tanto por bactérias quanto por vírus enteropatogênicos.