ABSTRACT
A epidemiologia da doença ulcerosa péptica (DUP) sofreu alterações ao longo do tempo, não exclusivamente relacionadas à intervenção na história natural da doença, possibilitada pela erradicação do Helicobacter pylori (Hp) e pela proscrição de antiinflamatórios não esteroidais (AINEs). Na era Hp, em vários países, inclusive no Brasil, são escassos os conhecimentos sobre a epidemiologia da DUP, o que motivou a elaboração deste travalho retrospectivo. Objetivo: Caracterizar a DUP em seus aspectos epidemiológicos através do estudo retrospectivo de portadores da UP infectados por Hp. Material e métodos: Analisaram-se prontuários de 114 pacientes que apresentavam UP não-complicada e infecção pelo Hp, atenadidos de janeiro/98 a março/99 no Ambulatório de Dispepsia da EPM-Unifesp. Registraram-se sexo, raça, idade, sintomas (dispépticos e/ou de DRGE), hábitos alcoólico e tabágico, uso de AINEs, co-morbidade e alterações endoscópicas. Resultados: predominaram pacientes do sexo feminino, com idade entre 41 e 60 anos, tabagistas e usuários de AINEs, com úlcera duodenal sintomática, apresentando epigastralgia com ritmo, associada com DRGE erosiva, mas sem hernia de hiato. Conclusões: UD predominou na amostra, comprometeu faixa etária não tão jovem como a de países em desenvolvimento, mas não tão idosa como a de desenvolvidos. UP apresentou associação com AINEs e tabagismo, mas não com etilismo ou outras co-morbidades. Esse estágio de transição epidemiológica quanto a distribuição da DUP entre os sexos, sugerido pelo comportamento intermediário entre o que ocorre em países desenvolvidos e os em desenvolvimento, deve ser aliado por estudo populacional abrangente, preferencialmente nacional.