ABSTRACT
Nos últimos 12 anos foram acompanhadas 72 crianças com suspeita de doença celíaca (6,5% do total de atendimentos). Os critérios diagnósticos adotados foram os da sociedade Européia de Gastroenterologia Pediátrica e Nutriçäo. A idade média na época do diagnóstico foi de 30,4 meses. Apenas 27% das crianças referia aleitamento materno por mais de 3 meses. A idade média de introduçäo de glúten foi 5,3 meses e o aparecimento dos sintomas ocorreu após período médio de 8,5 meses. Setenta por cento das crianças apresentava desnutriçäo de II ou III graus. As principais queixas foram diarréia crônica (84,4%), distensäo abdominal (81,1%), perda de peso (70,2%). No entanto, outros achados devem ser mencionados: anemia (62,3%), edema (46,8%), baixa estatura (16,2%). Os sintomas principais regrediram em média 5,5 semanas após a retirada do glúten e a recuperaçäo do estado nutricional ocorreu em média após 9,9 meses. Foram evidentes as alteraçöes nas provas de absorçäo: D-xilose x + 22,1 +/- 10 (VN: 46,0 +/= 13,9), incremento de triglicérides x + 49,4 +/- 40,2 mg% (VN: incremento > 65 mg%). A biópsia jejunal na fase aguda da doença demonstrou atrofia vilositária grau III ou IV em 100% dos casos. Do total de 76 crianças, realizou-se teste de desencadeamento com glúten em 40 delas, sendo que 28 (70%) manifestaram retorno dos sintomas, porém 12 (30%) mantiveram-se assintomáticas. A recidiva das lesöes jejunais ocorreu em 33 casos (82,5%), 7 pacientes näo apresentaram qualquer alteraçäo clínica ou histológica