ABSTRACT
A síndrome do blefarocalásio é uma desordem incomum, que inicialmente pode se manifestar numa faixa etária mais jovem, especialmente na puberdade, sendo caracterizada por episódios recorrentes de edema peri-orbitário. Com o passar dos anos, estes episódios recorrentes levam a alterações das estruturas de suporte palpebral, determinando uma série de sinais característicos: redundância de pele palpebral, que se torna progressivamente mais fina e enrugada; pseudo-epicanto; desinserção do tendão cantal lateral; blefaroptose; atrofia de bolsas palpebrais e uma pigmentação cutânea peculiar, com tonalidade bronze. As alterações palpebrais podem ser divididas em duas fases: fase inicial (intumescente ou de edema), caracterizada por episódios recorrentes de edema palpebral e uma fase tardia (quiescente ou crônica), onde a atrofia cutânea se destaca. O tratamento cirúrgico se impõe com necessidade de reposicionamento e, muitas vezes, reconstrução palpebral. Diante dos inúmeros achados clínicos e alterações anatômicas da síndrome, torna-se imprescindível sua diferenciação com o dermocalásio constituído por redundância cutânea palpebral que se desenvolve como parte do processo de envelhecimento facial, freqüentemente acompanhada de protusão de bolsas de gordura que resulta em pseudoptose para o correto planejamento cirúrgico e tratamento adequado de condições distintas. A partir da avaliação de 34 pacientes, 28 dos quais submetidos ao tratamento cirúrgico, os autores caracterizam a síndrome, diferenciam-na adequadamente do dermocalásio e sugerem a conduta cirúrgica adequada para esta condição.