ABSTRACT
Objetivou-se conhecer as opiniões e saberes sobre sexualidade e Aids entre médicos e enfermeiros do Programa Saúde da Família, PSF. Realizou-se um estudo descritivo entre 61 profissionais da saúde que compõem as equipes do PSF de Fortaleza, CE, entre setembro e outubro de 2002. Para a coleta de dados, utilizou-se instrumento adaptado do questionário de pesquisa nacional acerca do comportamento sexual da população brasileira. Os resultados indicaram ampla rejeição dos profissionais à prática sexual entre pessoas do mesmo sexo e às relações sexuais extraconjugais. Apesar de a maioria informar treinamentos que abordavam a temática Aids, alguns revelaram formas inadequadas de transmissão do vírus, como: usar banheiros públicos, compartilhar talheres e usar condom nas relações sexuais. A maioria apontou que os preservativos são desagradáveis, mas devem-se usá-los para se evitar a Aids. Concluiu-se que nas equipes existe uma diferença de classes e gênero permeada por relações intrínsecas de poder. As opiniões desses profissionais, apesar dos conhecimentos específicos e treinamentos impetrados, são atravessadas por uma forte influência de assepsia dos corpos, caracterizada por um conjunto de vivências e valores, que não se diferenciam muito da população em geral.