ABSTRACT
A partir de entrevistas com profissionais de um hospital do Rio de Janeiro, avaliamos um conjunto de pressupostos, estratégias, preocupaçöes e racionalidades dos profissionais que produzem mensagens impressas sobre doenças infecciosas. A maioria das produçöes revelou-se presa a uma lógica linear de comunicaçäo, que pressupöe que a mensagem transmitida geraria um único e só efeito. A comunicaçäo visual é tida como campo de conhecimento que o médico näo "domina" mas no qual deposita expectativas, principalmente quando afirma os limites da linguagem escrita frente à clientela näo alfabetizada. As preocupaçöes mais freqüentes recaem sobre a "adequaçäo da linguagem" (funçäo denotativa e näo semântica da linguagem) e sobre o aumento da "divulgaçäo". As produçöes de impressos surgem atreladas à experiência profissional do atendimento, mas a inexistência de pesquisas prévias à produçäo, resulta em simplificaçöes e generalizaçöes sobre as dúvidas e questionamentos mais comuns do paciente, reforçando o estereótipo da clientela a partir de suas carências e necessidades. A interaçäo com a clientela aparece, como exceçäo, em apenas duas das produçöes em análise, e amplia a relaçäo dos profissionais com os valores e decisöes tomadas em contextos sócio-culturais distintos