ABSTRACT
A saúde sexual das mulheres lésbicas e bissexuais é marcada pela invisibilidade histórica nas agendas programáticas. O objetivo deste estudo foi descrever e analisar as estratégias preventivas, uso de barreiras e percepção de risco em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) de mulheres lésbicas e bissexuais brasileiras. O estudo teve método misto sequencial. A amostra não probabilística e por conveniência foi de 1.225 mulheres lésbicas e bissexuais (etapa quantitativa) e 12 destas mulheres foram entrevistadas (etapa qualitativa). Foram realizadas análises descritivas, inferenciais e temáticas. Os resultados indicaram um desencontro entre as IST identificadas como mais prevalentes pelas participantes e as descritas na literatura, o que pode impactar os cuidados em saúde. Quanto maior a escolaridade, maior o número de IST referidas como possíveis de serem adquiridas no sexo entre mulheres, o que pode indicar desigualdades de acesso à informação. As participantes perceberam risco de IST em suas práticas, mas a falta de informações disponíveis e efetivas sobre prevenção, bem como a falta de insumos específicos para o sexo lésbico, caracterizaram seus discursos e impactaram a forma como estas viviam sua sexualidade.
The sexual health of lesbian and bisexual women is characterized by historical invisibility in programmatic agendas. This study aims to describe and analyze preventive strategies and risk perception regarding Sexually Transmitted Infections (STIs) of Brazilian lesbian and bisexual women. It is a mixed sequential study. The non-probability and convenience sample consisted of 1,225 lesbian and bisexual women (quantitative stage) and 12 of these women were interviewed (qualitative stage). Descriptive, inferential and thematic analyses were performed. The results indicate a mismatch between the STIs described as more prevalent by the participants and those described in the literature, which can impact health care. The higher the level of education, the greater the number of STIs reported as possible to be acquired in sex between women, which may indicate inequalities in access to information. The participants perceived a risk of STIs in their practices, but the lack of available and effective information on prevention, as well as the lack of specific inputs for lesbian sex, characterized their speeches and impacted the way they live their sexuality.
La salud sexual de las mujeres lesbianas y bisexuales está marcada por una invisibilidad histórica en las agendas programáticas. El objetivo de este estudio fue describir y analizar las estrategias preventivas y la percepción de riesgo en relación a las Infecciones de Transmisión Sexual (ITS) de mujeres brasileñas lesbianas y bisexuales. El estudio tuvo un método mixto secuencial. La muestra no probabilística y de conveniencia estuvo conformada por 1.225 mujeres lesbianas y bisexuales (etapa cuantitativa) y 12 de estas mujeres fueron entrevistadas (etapa cualitativa). Se realizaron análisis descriptivos, inferenciales y temáticos. Los resultados indican un desajuste entre las ITS descritas como más prevalentes por los participantes y las descritas en la literatura, lo que puede impactar en la atención de la salud. Cuanto mayor es el nivel de educación, mayor es el número de ITS reportadas como posibles de adquirir en las relaciones sexuales entre mujeres, lo que puede indicar desigualdades en el acceso a la información. Las participantes percibieron en riesgo de tener una ITS, pero la falta de información disponible y efectiva sobre prevención, así como la falta de insumos específicos para el sexo lésbico, caracterizaron sus discursos e impactaron la forma en que viven su sexualidad.
Subject(s)
Humans , Female , Perception , Women , Sexually Transmitted Diseases/prevention & control , Sexual Health , Sexual and Gender Minorities , BrazilABSTRACT
Resumo: O trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) na política de HIV/Aids está em construção nas equipes de atenção básica (AB). O presente estudo teve como objetivo analisar os atravessamentos relacionados a temática de HIV/Aids na atuação dos ACS a partir da interlocução dos atores envolvidos, tendo em vista que se trata de uma política em disputa. Utilizou-se o método qualitativo exploratório. A coleta de dados foi realizada em 15 unidades de saúde de Porto Alegre. Utilizou-se um recorte de 14 entrevistas com profissionais da atenção básica e da gestão em HIV/Aids compreendidas e analisadas através da análise temática. Os resultados agrupam-se em: a) Potência e Função dos ACS; b) Inserção dos ACS na equipe; c) HIV e Território. O trabalho dos ACS mostra-se uma potente via de promoção e prevenção relacionada a política de HIV/Aids nos cotidianos de prática, tendo em vista que trazem a cultura e demandas locais à equipe, funcionando como um elo entre o território e a unidade. No entanto, nem sempre esses são reconhecidos enquanto parte das equipes. Tratando-se do estigma relacionado ao HIV/Aids, percebeu-se que os ACS ocupam uma posição paradoxal, já que, por vezes, residem na mesma comunidade dos usuários, o que pode complexizar as relações de trabalho e sigilo. Assim, há lacunas na consolidação do ofício dos ACS como a falta de investimentos na formação específica e no desenvolvimento de seu fazer, que se desdobram no relacionamento com a equipe e os usuários do serviço, podendo obstaculizar os processos de trabalho previstos.
Resumen: El trabajo de los Agentes Comunitarios de Salud (ACS) en la política de VIH/SIDA en la comunidad está en construcción en los equipos de Atención Primaria (AP). El estudio tuvo como objetivo analizar las cuestiones relacionadas con VIH/SIDA en la actuación del ACS a partir del análisis del diálogo de los actores involucrados. Es un estudio de método cualitativo exploratorio. La recogida de datos se realizó en 2015 en 15 unidades de salud de AP en Porto Alegre (Brasil). Se ha utilizado un recorte de 14 entrevistas con profesionales de la AB y gestión del VIH/SIDA. Los resultados se agruparon en categorías: a) Potencia y función de los ACS; b) Inserción del ACS en el equipo; c) VIH y Territorio Comunidad. El trabajo del ACS es una forma de promoción y prevención relacionada con la política del VIH/SIDA en la práctica cotidiana, porque aportan la cultura y demandas locales al equipo, funcionando como un enlace entre la comunidad y la unidad de salud. Sin embargo, ni siempre los ACS son reconocidos como parte del equipo. Además, el estigma relacionado con el VIH/SIDA, pone a los ACS en una posición paradójica, ya que por veces residen en la misma comunidad de los pacientes, lo que puede hacer más complejas las relaciones de trabajo y anonimato. Concluyendo, faltan inversiones en la formación y en el desarrollo del trabajo de los ACS. Estas deficiencias se ponen en la relación con el equipo y usuarios del servicio, lo que puede dificultar el trabajo planeado.
Abstract: The Community health agent practice at HIV/sida is still an emerging thematic at Primary Care and its team. This study aims to analyse the crossings between Community health agent practice dealing with HIV/sida from the social actors interlocution. It needs to be considered as a political dispute. The study used an exploratory qualitative method. The data collection was made in 2015, covering 15 Basic Health Units in Porto Alegre, Brazil. A cut-off of 14 healthcare professionals and HIV/sida management of different qualifications was used. The Thematic content analysis was used and the results were grouped into: a) Community health agent practice and power; b) Community health agent entry on the team; c) HIV and territory. The Community health agent practice is shown as a powerful key to provide promotion and prevention in healthcare daily routine: the professionals are engaged with the community culture and responsible to bring its demands to the healthcare team, being a connecting element between the community and the team. However, they are not usual recognised as a part of the the practice and healthcare teams. Besides, as regards HIV/sida stigma, it was perceived that the agents occupy a paradoxal position by living on the same community as the users. It can complexifies the teamwork relations and informations secrecy. Thus, there are gaps and lack of investments in qualification of their work. These failures reflects in the relationship with the teamwork and the users - it can hinder expected work processes.
ABSTRACT
RESUMO Objetivou-se investigar como a política de descentralização do aconselhamento e teste rápido de HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), sífilis e hepatites foi implementada a partir do matriciamento das equipes de Atenção Básica em Porto Alegre. É um estudo qualitativo, no qual foram realizadas oito entrevistas com matriciadoras. Entre os aspectos positivos, estão a realização da capacitação dos profissionais da Atenção Básica, de interconsultas, supervisões e visitas. Essas experiências destacam a potencialidade de um trabalho mais horizontal entre os níveis de atenção especializado e básico. Entre os aspectos considerados negativos, destacam-se a ênfase na parte técnica do teste e a descontinuidade do matriciamento.
ABSTRACT The aim of this research was to investigate how the decentralization of counseling and rapid testing for HIV (Human Immunodeficiency Virus), syphilis, and hepatitis B and C have been implemented in the city of Porto Alegre, Brazil, using matrix support with Primary Health Care teams. It is a qualitative study, in which eight matrix supporters were interviewed. Positive aspects include training of Primary Health Care professionals, interconsultation, supervision, and visits. Such experiences point out the potentiality of more horizontal work between primary and specialized levels of care. Negative aspects include the emphasis on the technical aspect of the test and the discontinuity of matrix support.