ABSTRACT
Identifica em que medida alguns elementos constitutivos, tanto da prática médica como da natureza das organizaçoes públicas de saúde, contribuem ou näo para maior aderência desses profissionais aos serviços públicos de saúde. Defende a idéia de que a gestäo dos médicos no âmbito das organizaçoes públicas exige novos referenciais, de forma a contemplar algumas singularidades desses profissionais, as quais terminam por conferir determinadas características ao cotidiano dessas organizaçoes. Desenvolve uma pesquisa qualitativa em dois hospitais públicos da cidade do Rio de Janeiro, onde entrevista médicos responsáveis pela assistência e gestores dessas organizaçoes. Busca compreender alguns aspectos como: as expectativas desses profissionais frente a esses serviços, a relaçäo que mantêm o processo de gestäo dessas organizaçoes, a preocupaçäo com a qualidade dos resultados do trabalho, o relacionamento com outros profissionais, a percepçäo das regras institucionais entre outras. Algumas questoes identificadas contribuem para um conflito entre estes profissionais e o serviços de saúde, entre as quais destacam-se, utilizaçäo prioritária dos serviços públicos enquanto campo de prática para "aperfeiçoamento" dos médicos, a insatisfaçäo frente às condiçoes de trabalho; a prerrogativa do saber impedindo processos de avaliaçäo sobre os resultados desses profissionais; baixo envolvimento desses profissionais com aspectos relativos à vida organizacional. Sugere a necessidade de que novas alternativas para a gestäo desses profissionais sejam desenvolvidas, tendo por referência as singularidades que envolvem tanto os médicos como as organizaçoes públicas de saúde.