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1.
Tempo psicanál ; 52(1): 6-37, jan.-jun. 2020.
Article in Portuguese | LILACS-Express | LILACS, INDEXPSI | ID: biblio-1150203

ABSTRACT

Pode-se afirmar que, ao longo de uma considerável parte da história da Psicanálise, a operacionalidade da transferência na psicose esteve questionada. Em sua época, Freud considerou que com a Psicanálise se podia entender muito melhor as psicoses, mas que não haveria como tratá-las. Ainda que Lacan, a partir de seu ensino, tenha legado operadores que permitem que o psicanalista possa melhor se situar nas especificidades dessa clínica tão delicada, resta perceptível que a questão da transferência na psicose se afigura ainda hoje como problemática em termos teóricos, ensejando discordâncias e questionamentos. Nesse contexto, os autores consideraram indispensável uma investigação que pudesse delimitar as especificidades da transferência em sujeitos estruturados pela via da psicose, delineando certos aspectos da posição do analista em relação ao sujeito psicótico e às possibilidades de intervenção desde o lugar a ele destinado. Assim, partindo da experiência de um dos autores em um hospital-dia, cujos dispositivos estão pensados para a facilitação do estabelecimento das condições de escuta para os sujeitos psicóticos, busca-se consolidar a sustentação teórica de tal práxis com base na contribuição de psicanalistas como José Zuberman e Jean Oury sobre o tema, problematizando as tensões entre o singular e o coletivo inerentes a uma clínica diferencial tendente à inclusão da instituição e à inclusão de "pequenos outros" no delineamento dos respectivos tratamentos possíveis.


One can affirm that, over a substantial part of Psychoanalysis History, the functionality of the transference on psychoses has been questioned. In his days, Freud has considered that by means of Psychoanalysis one could better understand the psychoses, but there was no possible treating. Although Lacan, through his teaching, had bequeathed operators that allow the psychoanalyst to better locate on the particularities of a such challenging clinics, it's still evident that the matter concerning the transference on psychoses remains, even today, as a problematic issue in theorical terms, entailing disagreements and questionings. In this context, the authors have considered imperative an investigation capable of delimiting the specificities of the transference on subjects structured by psychoses, delineating certain aspects on the analists' position regarding to the psychotic subject and the possibilities of intervention from his fated place. Thereby, from the experience of one of the authors in a Day Hospital, whose devices are conceived to facilitate the setting up of listening conditions to psychotic subjects, it's intended to consolidate the theorical basis of such practice taking into consideration the contribution of psychoanalysts, such as José Zuberman and Jean Oury about the matter, looking over the tensions between the singular and the collective inherent in a differential clinics inclined to the inclusion of the institution and to the inclusion of "others" on the delineation of the respective possible treatments.


Se puede afirmar que a lo largo de una considerable parte de la historia del Psicoanálisis, la operacionalidad de la transferencia en la psicosis estuvo cuestionada. En su época, Freud ha considerado que con el Psicoanálisis uno podría entender mucho mejor las psicosis, pero no habría manera de tratarlas. Aunque Lacan, desde su enseñanza, haya legado operadores que permiten al psicoanalista mejor ubicarse respecto de las especificidades de esta clínica tan delicada, sigue notable que la cuestión de la transferencia en la psicosis aun hoy es considerada problemática en términos teóricos, dando lugar a desacuerdos y cuestionamientos. En este contexto, los autores consideran indispensable una investigación que pueda delimitar las especificidades de la transferencia en sujetos estructurados por la vía de la psicosis, contornando ciertos aspectos de la posición del analista respecto del sujeto psicótico y las posibilidades de intervención desde el lugar a él determinado. Entonces, desde la experiencia de uno de los autores en un hospital-de-día, cuyos dispositivos están hechos para facilitar el establecimiento de las condiciones de escucha hacia los sujetos psicóticos, se busca consolidar la sustentación teórica de esta práctica a partir de la contribución de psicoanalistas como José Zuberman y Jean Oury respecto de la materia, problematizando las tensiones entre singular y colectivo inherentes a una clínica diferencial que tiene una tendencia a la inclusión de la institución y a la inclusión de "pequeños otros" en el establecimiento de los respectivos tratamientos posibles.

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