ABSTRACT
Este estudo tem como objetivo compreender como cuidadoras idosas de pacientes atendidos em um programa de assistência domiciliar percebem seu próprio processo de envelhecimento. Pesquisa qualitativa desenvolvida através de estudo teórico e pesquisa de campo através da técnica da entrevista com roteiro de perguntas semi-estruturado. A pesquisa de campo foi realizada com três cuidadoras. A idade (maior ou igual 60 anos) foi o critério inicial para a escolha dos sujeitos, associada ao fato de que as autoras foram responsáveis pela inclusão dos pacientes no programa, bem como pela oportunidade de acompanhamento dos casos. As entrevistas foram previamente agendadas a partir de um contato telefônico. Para o registro de respostas foi utilizado o gravador de áudio, sendo que a transcrição das entrevistas foi feita pelas autoras. Para a análise das respostas, foi utilizada a técnica da ánalise de conteúdo. Cuidadoras com idade entre 68 e 75 anos; aposentadas; deixaram de fazer pelo menos uma atividade em função dos cuidados; cuidadoras há pelo menos 1 ano; 2 pacientes têm diagnosticado Alzheimer; tornar-se cuidadora foi um processo entendido por elas como natural; não há rodízio nos cuidados; referem falta de auxílio na prestação dos cuidados; houve adaptações físicas no domicílio auxiliando nos cuidados; a identidade do cuidador se confunde com a do paciente; o cotidiano muda a partir da instalação da doença, o que implica no isolamento social do cuidador; a questão do envelhecimento aparece relacionada ao aspecto físico (mudança na aparência). A mulher historicamente esteve confinada ao espaço privado e, a partir da incorporação do papel de cuidadora, vê-se, mais uma vez, limitada a este espaço. A assistência domiciliária tem uma forte conotação social visto que um doente em casa trás implicações para toda a família. O estudo permitiu evidenciar que a percepção que o cuidador tem do seu processo de envelhecimento está estritamente relacionado à aparência física.