ABSTRACT
Desde 1960, uma importante fundiçäo primária de chumbo vem operando na periferia de Santo Amaro, pequena cidade da Bahia, no nordeste do Brasil. Muitas famílias, incluindo de trabalhadores da fundiçäo, moram em suas cercanias. Em 1980 fez-se um levantamento das crianças que viviam perto da fundiçäo, especialmente daquelas que residiam a 900 metros ou menos da chaminé da usina, a fim de determinar se sua saúde estava comprometida devida à contaminaçäo pelo chumbo. O levantamento demonstrou taxas de zinco protoporfirina e de chumbo muito elevadas no sangue das crianças que participaram do estudo, bem como associaçöes significativas entre o nível de zinco protoporfirina e as seguintes variáveis: distância entre a moradia da criança e a chaminé da fundiçäo; tempo de residência da família na área; se a criança morava em rua usada para o transporte de minério de chumbo; classificaçäo racial da criança, sua idade e se o pai trabalhava na fundiçäo. Como resultado da divulgaçäo desse levantamento e das pressöes feitas pela populaçäo organizada, foram adotadas medidas importantes para a prevençäo da poluiçäo. Essas medidas, que provocaram uma diminuiçäo de 50% na produçäo da fundiçäo, foram pagas pela usina que também teve de se responsabilizar pela saúde das crianças afetadas