ABSTRACT
O tratamento da pneumonias adquirida na comunidade (PAC) é habitualmente empírico e o uso de antimicrobianos é baseado em estudo de vigilância. O programa SENTRY foi desenhado para monitoras a resistência a antimicrobianos através de uma rede internacional de laboratórios. Três centros no Brasil participaram do Programa SENTRY em 1997 e em 1998. MÉTODOS: Um total de 344 isolados bacterianos coletados de pacientes com Pac em 1997 e 1998 foram testados contra mais de 20 agentes antimicrobianos pelo método de microdiluiçäo em caldo. RESULTADOS: Entre os S. pneumoniae (176 isolados), 71,6 por cento foram sensíveis à penicilina. Alto nível de resistência à penicilina e resistência à cefotaxicina foram encontrados em 2,3 e 4,0 por cento, respectivamente. As novas quinolonas levofloxacina (MIC90, 2ug/mL) e gatifloxacina (MIC90, 0,5ug/m) foram ativas contra 100 por cento dos isolados testados. Entre os outros antimicrobianos näo beta-lactâmicos testados, os mais ativos foram (por cento de sensibilidade): cloranfenicol (97,5 por cento) > clindamicina (94 por cento) > azitromicina (90,3 por cento) > claritromicina (89,4 por cento) > tetraciclina (76,4 por cento) > sulfametoxazo/trimetoprim (60,2 por cento). A percentagem de Haemophilus influenzae (101 isolados) resistentes à amoxicilina foi de 90,1 por cento, enquanto entre Moraxella catarrhalis (67 isolados) somente 9,0 por cento foram sensíveis. O ácido clavulânico restaurou a atividade de amoxicilina contra H. influenzae e M. catarrhalis. Porém, H. influenzae demonstrou níveis aumentados de resistência para sulfametoxazol/trimetoprim (55,1 por cento de sensibilidade), claritromicina (80,4 por cento de sensibilidade) e cefaclor (88,2 por cento de sensibilidade). Todos os isolados de H. influenzae e M. catarrhalis foram sensíveis à levofloxacina (MIC90, ó 0,5 ug/mL para ambos) e gatifloxacina (MIC90 ó 0,06 ug/mL para ambos) apresentando MICs muito baixos. CONCLUSÄO: Os resultados indicam que a prevalência de S. pneumoniae com alto grau de resistência à penicilina é ainda baixo no Brasil: porém, a prevalência de S. pneumoniae com resistência intermediária à penicilina e resistência cruzada a outras classes de antimicrobianos é relativamente alta em nosso meio. Por outro lado, as novas quinolonas säo altamente ativas contra S. pneumoniae e outros patógenos responsáveis por infecçöes respiratórias adquiridas na comunidade