ABSTRACT
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O mecanismo de ação analgésica a2-adrenérgico tem sido explorado há mais de 100 anos. A clonidina aumenta de maneira dose-dependente a duração dos bloqueios sensitivo e motor e tem propriedades antinociceptivas. O objetivo desse estudo foi avaliar se a adição de clonidina na dose de 15 e 30 µg à raquianestesia, para cesariana, com bupivacaína hiperbárica a 0,5 por cento (12,5 mg) e morfina (100 µg), melhora a qualidade da analgesia pós-operatória. MÉTODO: Foi realizado um estudo prospectivo e aleatório com 60 pacientes divididas em três grupos: BM - bupivacaína hiperbárica a 0,5 por cento (12,5 mg) e morfina (100 µg), BM15 - bupivacaína hiperbárica a 0,5 por cento (12,5 mg), morfina (100 µg) e clonidina (15 µg) e BM30 - bupivacaína hiperbárica a 0,5 por cento (12,5 mg), morfina (100 µg) e clonidina (30 µg), administradas separadamente. No peri-operatório, foram anotados o consumo de efedrina e a avaliação do recém-nascido pelo índice de Apgar. No pós-operatório, a dor foi avaliada na 12ª h pela Escala Analógica Visual, o tempo para solicitação de analgésicos e efeitos colaterais pós-operatórios, como prurido, náuseas, vômitos, bradicardia, hipotensão arterial e sedação. Os valores foram considerados significativos quando p < 0,05. RESULTADOS: Os grupos foram homogêneos. O consumo de efedrina e a avaliação pelo índice de Apgar não exibiram diferença estatística significativa entre os grupos. Os escores de dor e o tempo médio de analgesia mostraram diferença entre os grupos BM e BM15/BM30 e não houve diferença com relação à incidência de efeitos colaterais pós-operatórios. CONCLUSÕES: A adição de clonidina na raquianestesia com bupivacaína hiperbárica a 0,5 por cento (12,5 mg) e morfina (100 µg) para cesariana, melhorou a qualidade da analgesia pós-operatória, sem aumentar a incidência de efeitos colaterais, sendo 15 µg de clonidina a dose sugerida.
Subject(s)
Female , Pregnancy , Humans , Anesthesia, Spinal , Cesarean Section , Clonidine/administration & dosage , Clonidine/therapeutic use , Drug Therapy, Combination , Pain, Postoperative/drug therapy , Morphine/administration & dosage , Morphine/therapeutic use , Adrenergic alpha-Agonists/administration & dosage , Adrenergic alpha-Agonists/therapeutic use , Analgesics, Opioid/administration & dosage , Analgesics, Opioid/therapeutic useABSTRACT
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Este estudo objetiva relatar dois casos de anestesia em pacientes portadores de Distrofia Muscular de Duchenne (DMD), uma doença rara, progressiva e incapacitante, e discutir sobre a conduta anestésica. O comprometimento das funções pulmonar e cardíaca, a possibilidade de ocorrência de hipertermia maligna, a maior sensibilidade aos bloqueadores neuromusculares e o aumento da morbidade pós-operatória são alguns dos desafios enfrentados pelo anestesiologista. RELATO DOS CASOS: O primeiro caso foi o de um paciente pediátrico com diagnóstico de DMD e rabdomiossarcoma, agendado para exérese da lesão e esvaziamento cervical ampliado. Na avaliação pré-anestésica (anamnese, exame clínico e exames complementares) não foram detectadas alterações, exceto pela tumoração cervical. Optou-se pela técnica venosa total, com remifentanil em infusão contínua e propofol em infusão alvo-controlada, sem a utilização de bloqueadores neuromusculares. O procedimento cirúrgico teve duração de 180 minutos, sem intercorrências. O segundo caso foi de um paciente do sexo masculino, 24 anos, com diagnóstico de DMD e colelitíase com indicação cirúrgica, cuja avaliação pré-operatória revelou pneumopatia restritiva grave, com diminuições da capacidade e da reserva respiratórias, sendo necessário o uso de BIPAP nasal noturno. Neste paciente, optou-se pela intubação traqueal com sedação mínima e anestesia tópica, seguida pela técnica venosa total com remifentanil em infusão contínua e propofol em infusão alvo-controlada, sem a utilização de bloqueadores neuromusculares. Ao término, o paciente foi extubado ainda na sala de operações e imediatamente colocado no BIPAP nasal. Encaminhado à UTI, com alta no 2° PO e alta hospitalar no 3° PO. CONCLUSÕES: A anestesia venosa total com infusão contínua de propofol e remifentanil sem bloqueadores neuromusculares constitui-se em opção segura e eficiente nos portadores de DMD.
Subject(s)
Child , Adult , Humans , Anesthesia, General/methods , Anesthesia, Intravenous/methods , Anesthetics, Intravenous/administration & dosage , Muscular Dystrophy, Duchenne/complications , Piperidines/administration & dosage , Propofol/administration & dosageABSTRACT
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A cefaléia pós-punção da dura-máter é a complicação mais freqüente após a raquianestesia ou a sua perfuração acidental durante tentativa de bloqueio peridural. O objetivo deste relato é descrever o uso da hidrocortisona no tratamento e na prevenção da cefaléia pós-punção da dura-máter (CPPD). RELATO DOS CASOS: São relatados três casos em que a hidrocortisona foi utilizada no tratamento e na prevenção da cefaléia pós-punção da dura-máter. O primeiro foi de uma paciente obstétrica submetida à cesariana, que apresentou cefaléia no pós-operatório, não responsiva à medicação convencional e ao tratamento com tampão sangüíneo peridural (TSP), mas que apresentou remissão completa do quadro com hidrocortisona por via venosa. Outras duas pacientes, em quem ocorreu perfuração acidental da dura-máter durante a tentativa de localização do espaço peridural e que tratadas com hidrocortisona, por via venosa, com fins preventivos, não desenvolveram quadro de cefaléia. CONCLUSÕES: Nos casos observados a hidrocortisona mostrou eficácia no tratamento da CPPD após falha das medidas conservadoras e do TSP. A utilização da hidrocortisona em pacientes com perfuração acidental da dura-máter pode ser útil, pois não é técnica invasiva e a incidência e a gravidade das CPPD nesse grupo de pacientes é elevada. São necessários estudos controlados para estabelecer o real papel da hidrocortisona na prevenção e tratamento da CPPD.
Subject(s)
Female , Adult , Humans , Headache/prevention & control , Headache/drug therapy , Postoperative Complications/prevention & control , Dura Mater , Hydrocortisone/administration & dosage , Hydrocortisone/therapeutic use , Punctures/adverse effects , Anesthesia, Spinal/adverse effects , Injections, IntravenousABSTRACT
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A Osteogênesis Imperfecta é uma doença genética rara do tecido conjuntivo, com prevalência de 1/10000, que primariamente envolve a ossificação endocondral, resultando em ossos frágeis, múltiplas fraturas e deformidades esqueléticas. O objetivo desse artigo foi relatar um caso de paciente portador de Osteogenesis Imperfecta, submetido à anestesia venosa total para tratamento cirúrgico de fratura de fêmur. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 15 anos, 41 kg, 140 cm, com história de Osteogênesis Imperfecta e cardiopatia, programado para tratamento cirúrgico de fratura do fêmur. Na sala de operação foi monitorizado com ECG, FC, PANI e SpO2 e submetido à anestesia geral venosa total com propofol, alfentanil e cisatracúrio. Após IOT, foi acrescentada monitorização da P ET CO2 e da temperatura esofágica. No período intra-operatório e na sala de recuperação pós-anestésica não apresentou complicações. Teve alta hospitalar no 5° dia de pós-operatório. CONCLUSÕES: O presente relato mostrou boa evolução intra e pós-operatória de paciente com Osteogênesis Imperfecta submetido à anestesia geral venosa total. A complexidade da doença mostrou a necessidade de avaliação e monitorização adequada pelo anestesiologista.
Subject(s)
Humans , Male , Adolescent , Osteogenesis Imperfecta/physiopathology , Femoral Fractures/surgery , Anesthesia, General/instrumentation , Alfentanil/administration & dosage , Propofol/administration & dosageABSTRACT
A disfunção cognativa é um problema após cirurgias de um modo geral, especialmente em idosos. Diversos fatores estão envolvidos. O bypass coronariano com enxerto vascular é uma cirurgia estabelecida no tratamento da Doença Isquêmica do Miocárdio, quando bem sucedida, a qualidade e a expectativa de vida dos pacientes. Mais de 800 mil pacientes se submetem a este procedimento por ano, se constituindo em um dos procedimentos mais realizados em todo o mundo, Embora a disfunção cognitiva pós-operatória seja de etiologia complexa e não restrita aos pacientes submetidos a cirurgia cardíaca, ela é mais frequente e mais severa nestes, por uma série de fatores. Se, em cirurgias não-cardiacas, o comprometimento cognitivo pós-operatório está relacionado co fatores principalmente relacionados com o paciente, em cirurgia cardiaca, contudo, ele é historicamente atribuido à Circulação extra-Copórea (CEC): evidências mostram que a geração de microêmbolos por este dispositivos e a presença deste na circulação cerebral, associado à intensa resposta inflamatória, contribuiria em uma proporção significativa para este comprometimento. Entretanto, em alguns estudos, a demostração de comprometimento cognitivo similar em pacientes operados sem CEC indicou que outros mecanismos fisiopatológicos comuns a ambas as técnicas também poderiam estar envolvidos . Embora nenhum estudo tenha sido convincente nesse sentido, especulou-se que estes outros fatores, dentre eles a hipotensão sistêmica e os efeitos da injúria cirúrgica e da anestesia, fossem tão importantes quanto o uso da CEC em causar tal comprometimento. Este trabalho objetivou, pela revisão da literatura, discutir a disfunção cognitiva após cirurgia cardiaca: sua incidência, fatores preditivos , métodos de avaliação e possíveis estratégias de prevenção.
Subject(s)
Humans , Male , Female , Coronary Disease , Myocardial Revascularization , Thoracic Surgery , Postoperative CareABSTRACT
A doença de Behçet é uma afecção multissistêmica com alterações mucocutâneas, oculares, urogenitais, vasculares, articulares e neurológicas. Os autores apresentam o caso de uma mulher de 33 anos, com história de turvação visual e úlceras orais e genitais recorrentes que requereu internação hospitalar pelo acometimento do estado geral. Após exame oftalmológico, fez-se o diagnóstico de doença de Behçet, iniciando-se tratamento com remissão completa das úlceras e melhora das alterações oculares e do estado geral. O objetivo do artigo é alertar para a importância do diagnóstico e tratamento precoces dessa doença para evitar sequelas como a cegueira.
Behcet's disease is recognized as a multisystemic disorder, featuring mucocutaneous, ocular, urogenital, vascular, articular and neurologic envolvement. The authors present the case of 33-years-old woman with visual blurring and recurrent oral and genital ulcers, requering admission due to general impairment. The diagnosis of Behçet's disease followed an ophtalmic examination, with treatment bringing about complete remission of the ulcers and improvement of both ocular involvement and general symptons. The purpose of this article is to warn for the importance of an early diagnosis and treatment to avoid sequelaes, as blindness.